Existe uma reação esquisita no torcedor do Guarani. Indiretamente ele já jogou a toalha na Série B. Considera que o técnico Felipe Conceição não dará jeito no elenco limitado montado por Michel Alves e Thiago Carpini. Sim, o time foi arquitetado por essas quatro mãos.
Vamos reconstruir a conjuntura. Esta mesma torcida que hoje trata o novo técnico do Guarani muito mais como um coveiro do que um profissional da bola com chance de vencer tinha inúmeras lufadas de otimismo no último campeonato paulista, quando a equipe antes da pandemia tinha vencido o dérbi contra a Ponte Preta e estava na eminência de conseguir a classificação no grupo D. Detalhe: quase todo o elenco elogiado pela torcida estava ali na ocasião.
A bola voltou a rolar, a desclassificação apareceu e mesmo com a queda de produção não houve uma ruptura. Muitos consideravam (eu inclusive) que apesar das limitações era possível a busca de uma campanha mediana na Série B.
Percebam que neste meio tempo aconteceram alguns fatos fora do roteiro: a demissão de Thiago Carpini e sua acusação de que Anaílson interferia no departamento de futebol; na sequência a página “Gols do Bugre” apontou racha no elenco. Verdade? Mentira? Fato é que os atletas passaram boa parte do tempo dando entrevistas para desmentir o ocorrido.
Ou seja, a degradação do ambiente foi acompanhada da destruição nos resultados. O time deixa a desejar? Sim. Mas qual time de zona intermediário voa baixo na Série B? Pois é.
Em 2011, Giba assumiu uma equipe com seis meses de salário atrasado e viabilizou a salvação; no ano passado, Thiago Carpini, com a espinha dorsal desse elenco, fez um segundo turno vencedor com 28 pontos e respirou aliviado. Lógico, o Conselho de Administração é incompetente, Michel Alves perdeu a mão e os problemas estruturais permanecem.
No entanto, o Guarani ainda tem 72 pontos para disputar. Jogar a toalha neste instante só colabora para piorar um clima arrebentado.
(Elias Aredes Junior)