Análise: em La Plata, a Ponte Preta resgatou sua postura histórica. Não pode parar

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Imagine você ser vegetariano. Frequentar uma churrascaria não seria uma boa dica não é verdade?! Ou gostar de pilotar uma moto e ter  carros e mais carros na garagem.Sempre vai faltar algo. Algo ficará desconexo, fora de ordem. Os jogadores da Ponte Preta que arrancaram um empate por 1 a 1 com o Gimnasia e obtiveram a classificação à fase seguinte da Sul-Americana receberam gratuitamente uma amostra definitiva daquilo que deseja o torcedor pontepretano. Sem conflitos ou equívocos.

Os 90 minutos em La Plata não teve jogadas virtuosas, lances mirabolantes ou jogadores de capacidade técnica indiscutível. Nem teve um camisa 10 que levasse seus torcedores a loucura. Foi um jogo truncado, feio, de lances esparsos e cujo treinamento de jogadas ensaiadas foi fundamental. Sem a batida de bola de Ravanelli, o deslocamento de Marlon para puxar a marcação e a conclusão de Elton a Conmebol ficaria no passado.

Tudo isto temperado com os requisitos típicos da trajetória iniciada em 1900: raça, dedicação, determinação, superação e força física. Sangue, suor e lágrimas. Retirada de energia de modo imprevisto após ter entrada 51 horas antes da final do Paulistão contra o Corinthians. Uma fatura indigesta surgida na etapa final, pois os sinais de desgastes eram nítidos. Acoplar a camisa a pele e receber força mental dirigida pelos torcedores pontepretanos das arquibancadas foi a saída encontrada por aqueles homens com um compromisso inescapável: honrar a camisa.

Ao apito final do árbitro, alívio, comemorações e  certezas. A primeira é os titulares de La Plata entenderem porque jogadores como Monga, Tuta, Alexandro, Odair He Man e Pedro Luiz ficaram para sempre no coração dos frequentadores do Majestoso. Nenhum dos citados entrou para história por um gol de placa e sim por representar no gramado o sofrimento, a força e a garra do torcedor. Mais: sem estes ingredientes, uma boa campanha no Campeonato Brasileiro vira miragem.

A postura exibida na Copa Sul-Americana não pode ser o ponto final e sim a largada de uma nova Ponte Preta, mais antenada com as arquibancadas e com sua história. O que fugir disso é dar murro em ponta de facão.

(análise feita por Elias Aredes Junior)