No seu primeiro desafio de um confronto direto na Série B o Guarani fracassou de maneira inapelável. Perdeu por 2 a 1 em Goiânia, estacionou nos 29 pontos e agora afunda-se totalmente na zona de rebaixamento.
Ao perder para um time claramente inferior na parte técnica, o Guarani demonstra por A mais B que aos poucos perde o predicado fundamental para fugir da terceira divisão nacional: força e resiliência. Um processo lento, gradativo e que se manifesta nos jogos longe de Campinas. O quadro só não está mais dramático porque inegavelmente o rendimento melhorou dentro do Brinco de Ouro e isso gerou vitórias contra Náutico, Tombense e Sampaio Correa.
Mas a derrota em Goiania teve um aspecto peculiar. Porque não vimos um Guarani e sim duas versões. E que de certa forma comprovam os erros e os desacertos da atual composição do Conselho de Administração. E mesmo com todas as tentativas e contratações feitas por Rodrigo Pastana, existe um legado dificil de carregar e que foi gerado no primeiro turno quando o time bugrino somou apenas 18 pontos.
O Guarani do primeiro tempo é o time que todos sonham nos 90 minutos. Compacto, focado na força defensiva, quase não deu chances ao adversário. Atuava com velocidade pelos lados e aproveitava a estatura do centroavante Yuri Tanque para incomodar. Se as jogadas no lado esquerdo estavam marcadas não existia pudor em trabalhar a bola pelo lado direito.
Tanto que a estratégia foi premiada com o gol de Yuri Tanque. Aliás, cabe uma pergunta: como tirar um titular que acumula gols contra Tombense, Sampaio Correa e Vila Nova? Pois é, Jenison pintou como imprescindível. Agora terá que se conformar com a fila.
O que ninguém esperava era que o “velho” Guarani aparecesse no segundo tempo. Um time frágil, com limitações escancaradas e com falhas individuais que produzem derrotas e sabor amargo.
Começa pelo primeiro gol de Dentinho. O corte equivocado de Derlan e o bote distante e sem precisão de Leandro Vilela parece ser um lembrete latente de como a política de contratações para a Série B foi totalmente equivocada. O que se fez na janela de transferência foi apenas um remendo.
O medo, insegurança, os vacilos de concentração deram seu recado mais latente no lance do segundo gol. E o fracasso veio de onde menos se esperava. Herói em vários jogos e autor de defesas mirabolantes em várias rodadas, o goleiro Mauricio Koslinski saiu muito mal do gol e o complemento de Matheus Mancini ficou até facilitado.
Eu não vou dourar a pilula. Não vou ficar em cima do muro. Estabeleci que esse jogo era decisivo para as pretensões de permanência do Guarani. Pensava que uma vitória levaria o time ao um doping emocional capaz de embalar e estabelecer a fuga redentora.
No final das contas, veio a derrota. Existem chances matemáticas? Jogos a serem disputados? Concordo. Integralmente. Mas vencer em casa não basta. É preciso faturar pontos como visitante. E a derrota para o Vila Nova comprovou que ainda paira no ar o fantasma do equivoco, da falta de discernimento na escolha dos jogadores e da ausência de convicção para sustentar bons trabalhos.
Mozart faz o que pode. Marcelo Chamusca foi um equívoco. E Daniel Paulista? Bem, esse depois de ser massacrado no Guarani e nas redes sociais encontrou espaço no CRB e renovou contrato até o final de 2023. Quando foi demitido, Daniel Paulista concentrava todos os defeitos do mundo e todos acreditavam que a sua saída seria a redenção do Guarani. Deu tudo errado. E é uma demonstração de que a instituição Guarani vive muito mais de ilusão do que um planejamento com começo, meio e fim. Que aliás, não é sequer defendido publicamente pelo Conselho de Administração e pela Diretoria Executiva. Uma pena.
(Elias Aredes Junior com foto de