Antes de qualquer abordagem ou análise um aviso: reconheço a dificuldade de ser uma pessoa pública no Brasil atual. Ser vigiado por intermédio das Redes Sociais é constrangedor. Mas é por causa desses entraves que toda e qualquer atitude precisa ser pensada e planejada.
Nos últimos dias, dois fatos chamaram atenção dos torcedores bugrinos: a presença de integrantes do Conselho de Administração na final da Copa Libertadores no Maracanã, entre Palmeiras e Santos e a reinauguração da quadra do ginásio localizado dentro do estádio Brinco de Ouro.
Torcedores perguntam nas redes sociais: qual a prioridade dos integrantes do Conselho de Administração do Guarani?
Primeiramente, vamos tirar a hipocrisia da sala. Qualquer ser humano e amante do futebol, se tivesse um convite em mãos faria questão de comparecer na decisão no Rio de Janeiro. Ponto. Nem eu, nem você deixaria escapar a oportunidade. Seria errado, mas a paixão pelo futebol falaria mais alto.
Quando você ocupa um cargo em uma instituição você deve tomar cuidado redobrado. Deve até fazer o sacrifício e não comparecer. Ou assistir ao jogo e sequer postar imagens nas redes sociais.
E por que? Aos olhos do torcedor, em sua esmagadora maioria, o que existe no gesto é o dirigente do seu clube com admiração em relação ao instante máximo de dois rivais. Quando a pessoa está neste lugar, ele não representa apenas ela e sim o Guarani Futebol Clube. Tem sentido um dirigente de qualquer equipe neste espaço? Não, não tem. O Guarani não é diferente. Faltou discernimento para entender a conjuntura que envolve o fato.
Na reinauguração da quadra de esportes o que faltou foi sabedoria. Nada contra a inauguração em si. Afinal, Ricardo Moisés e seus aliados de Conselho de Administração precisam mostrar um portifolio para exibir quando chegar a época eleitoral. É justo. Limpo. Democrático.
Agora, o que dizer promover um jogo de futebol de salão em época de pandemia? O Brasil com mais de 223 mil mortes, hospitais em colapso, autoridades sanitárias que recomendam proibição expressa em relação a prática de esportes coletivos e o que faz a diretoria do Guarani? Deixa a bola rolar solta. Não dá para aceitar. Eles podem argumentar: “Ah, eles fizeram exame e todos deram negativo” ou “tomamos todos os cuidados”. Mesmo assim: não justifica. Não porque a maioria da população “chutou o balde” que isto é o correto. Não é. Deveria dar o exemplo. O futebol também tem essas utilidades.
Um cerimônia simples, com apresentação da placa de reinauguração e tudo estaria ok e sem oferecer perigo. Do jeito que foi feito, a impressão é que todos vivem em um mundo à parte.
Enquanto isso, o torcedor assiste a indefinição na escolha do treinador, lamenta a perda de jogadores como Lucas Crispim e não sabe nada em relação ao futuro. Ou seja, apreensão. Tudo que a torcida do Guarani não quer viver. Os dirigentes reclamam que pegamos no pé, mas convenhamos: eles poderiam ajudar um pouco.
(Elias Aredes Junior- foto: Thomaz Marostegan-Guaranipress)