Análise especial Ponte Preta: até quando haverá negligência em relação ao papel da psicologia no esporte?

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Na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro de 2017, ainda no primeiro tempo, o zagueiro Rodrigo cometeu uma falta inexplicável no atacante Trellez, do Vitória, e foi expulso. Na Série B deste ano, Luan Dias, deu uma entrada forte em Alan Rushel e recebeu o cartão vermelho. Nos dois casos, a atuação da Macaca foi comprometida no gramado e os atletas tomaram atitudes fora do tom. Em resumo: a parte emocional salta aos olhos.

Ao passear no site oficial da Ponte Preta na seção da Comissão Técnica verifiquei que existem 22 nomes no Staff, desde preparadores físicos, fisiologistas, analistas de desempenho até seguranças. Funções necessárias e imprescindíveis no futebol atual. Como seria  também um psicólogo na área esporte, ausente nos últimos anos.

Um profissional gabaritado, credenciado e estudioso desenvolveria dentro do elenco aptidões como: auto-controle, saúde mental, comunicabilidade, relações pessoais, liderança e motivação. Observação: não é algo que é feito de modo atabalhoado e sim de modo profissional e científico. Sem improvisos.

Profissionais como Suzy Fleury, Regina Brandão e Serapião Aguiar conduzem a metodologia de no estágio inicial do trabalho do treinador com o elenco conversar separadamente com cada atleta e realizar uma entrevista. Ali, o atleta tem definida a sua personalidade, os pontos fortes, fracos, os cuidados que o profissional deve adotar e combina com o profissional de que forma ele pode auxiliar no dia a dia. Longe de ser palestra profissional. Distante de improvisação ou empirismo.

Para se ter uma ideia, os testes aplicados por Regina Brandão desde os tempos em que trabalhou com Felipão ou com Telê Santana se transformaram em trunfo para descobrir se o jogador tinha algum problema relacionado a saúde mental – depressão, ansiedade- e como isso poderia abrir caminho para a incidência de lesões, conforme relatou em entrevista para o UOL, que você confere aqui.

E se você realizar uma retrospectiva, na maioria das vezes em que decepciona o seu torcedor, a Ponte Preta fracassa no aspecto emocional. Faço uma indagação: com um psicólogo preparado e talhado para a função, será que o centroavante Roger teria falhado tanto nas oportunidades que teve na Ponte Preta? E nas finais em que time caiu de ponta a cabeça? Será que aconteceria se existisse um respaldo presente no local?

Contratar um psicólogo é garantia de triunfo? Nada disso.

Só que pode ser um instrumento para que não se deixe escapar oportunidades de ouro por detalhes que poderiam ser resolvidos com ajuda profissional. A ciência, o estudo, o conhecimento é sempre bem vindo. Ainda mais em uma ambiente cada vez mais competitivo como o futebol.

(Elias Aredes Junior)