Análise: Jorginho, Gilson Kleina, Ponte Preta e como a diplomacia e capacidade de diálogo fazem diferença no futebol

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A demissão de Jorginho e a possível contratação de Gilson Kleina deveriam constituir-se em uma aula de relacionamento corporativo. De como por vezes a capacidade para executar determinada tarefa é insuficiente para segurar um profissional dentro de uma estrutura e forçada a produzir resultados imediatos.

Ao conversar com um torcedor da Ponte Preta na manhã de domingo, ele encontrava-se revoltado. Não concordava com a demissão de Jorginho. Considerava o trabalho satisfatório e direcionava as criticas a diretoria executiva. Em certo aspecto, não tiro dele sua razão.

Um time que está com 27 pontos e o quarto colocado com 30 não pode dizer que está descartado da luta pelo acesso. Apesar da produção deficiente. Só existe um porém. O discurso de Jorginho neste período não foi adequado. Dificuldade de realizar auto critica nas entrevistas coletivas e claros ruídos com os dirigentes e o departamento de futebol minaram sua estadia.

Obvio que é de sua alçada escalar gente como Gerson Magrão e Matheus Vargas. O diferencial é saber explicar a decisão, construir um ambiente confortável para que a diretoria assuma o seu conceito. Não basta fazer. É preciso convencer. Não fez isso. E acelerou seu processo de fritura.

Por números frios nem poderemos dizer que Gilson Kleina é a solução imediata. Afinal, deixou o Criciuma em quadro delicado e no ano passado conduziu uma negociação intrincada e confusa com a própria Ponte Preta após a segundona do ano passado.

Assim como o jogo “super trunfo”, Kleina tem um trunfo quase imbatível: sabe construir empatia ao redor. Cozinheiro, segurança, engenheiro, tesoureiro, presidente…não há uma pessoa no Majestoso que não fique à vontade em sua presença.

Bom papo, Kleina sempre mostrava-se aberto a trocar ideias sobre futebol. Ou seja, ele irradia um clima positivo que no fim reverbera no gramado. Pode falhar taticamente aqui e ali, mas a sua capacidade de comunicação faz a diferença.

Moral da história: bom trabalho apenas não basta. Saber comunicar, nutrir e estabelecer relacionamentos saudáveis, tornar as decisões com fácil assimilação e com boa dose de diplomacia é fundamental para sobreviver na pedra de selva do futebol.

(Elias Aredes Junior)