Antes de ser comentarista esportivo ou repórter sou um observador da vida cotidiana. Gosto de acompanhar mudanças de comportamentos e demonstrações coletivas de sentimentos. Por enquanto, não sabemos o que será do Guarani na Série B do Brasileirão. Está no grupo de classificação mas pela extensão do campeonato, é impossível assegurar que disputará o acesso até o final.
Agora, um fato é inequívoco: o bugrino voltou a nutrir orgulho por seu time. Nem digo em relação aos comentários neste Só Dérbi e sim ao que é verificado nas ruas da cidade de Campinas e região: torcedores com camisas do Guarani pelas ruas da Cidade e região um aumento do interesse no noticiário das emissoras de Rádio e Televisão.
Como bem atestou o companheiro Julio Nascimento, a média de público deixa a desejar. Muito. Mas o Guarani voltou a ser assunto nas rodas de conversas de bar, na escola e até em círculos familiares; os torcedores discutem as opções táticas, a qualidade dos jogadores, cobram o técnico Vadão de modo veemente. Ou seja, o Guarani voltou a viver o futebol de alto nível e o torcedor foi no embalo. Não aceita retrocesso.
Este despertar ganha relevância se levarmos em consideração o passado recente. Como encontrar forças para torcer por uma equipe que sofreu desde 2001 com nove rebaixamentos? E a humilhação de presenciar jogadores insatisfeitos com atraso de salários ou profissionais que não tinham a mínima noção do que era o Guarani? Seriam motivos mais do que suficientes para um afastamento definitivo.
No ano passado, o torcedor bugrino mostrou que não tinha jogado a toalha. Um público de 12.713 pagantes no jogo do acesso contra o ASA, 16.749 na final contra o Boa Esporte e seis mil bugrinos na decisão em Varginha. O aviso foi dado pela torcida: demonstre poder de reação e a recompensa virá.
A decepção na Série A-2 parecia o prenúncio de um desastre, desmanchado em nove rodadas da Série B. O jogo contra o Náutico neste sábado pode ser o começo de um novo pacto entre gramado e arquibancada. Acredite: não é pouco.
(análise feita por Elias Aredes Junior)