Análise: o Guarani precisa de estrutura e planejamento e não de salvadores da pátria

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Outro dia acompanhei uma entrevista de Geninho na ESPN Brasil. Boa praça. Bela pessoa. Entre relatos e desventuras, é lógico que sua saga no Atlético Paranaense foi descrita.

O título brasileiro de 2001 entrou para a história.

Agora, pare e pense. Geninho nunca esteve no pelotão de elite dos técnicos brasileiros e foi capaz de atingir o pico. Por que? Sua chegada coincidiu com a revolução de gestão e de estrutura promovida na agremiação, cujo marco foi o Centro de Treinamento no Caju e o Arena da Baixada.

Você pode torcer o nariz para as grosserias de Mário Celso Petraglia, mas é inegável disfarçar sua preocupação em preparar o seu time de coração para o futuro.

E o Guarani? Bem, esse há 20 ou 30 anos vive apenas a atualidade. Não prepara o futuro. Não há foco na estrutura. Não há acompanhamento sobre o que é um trabalho bem fundamentado nas áreas de fisiologia, medicina, categorias de base.

Não, não basta apenas contar com pessoas eficientes. É preciso o líder, aquele que instiga, incentiva e cobra a mudança de parâmetros. Sem ele, o marasmo impera. Ou ajoelha-se para aguardar pela chegada de um salvador da pátria, um caudilho, capaz apenas com seu carisma viabilizar conquistas e vitórias.

Escolha o ano ou a conjuntura. Nem precisa forçar a memória. Só nesta década, em 2011, o acesso na Série A-2 só aconteceu pelo desembarque de Vilson Tadei. No segundo semestre, a integração e o caráter da dupla formada por Giba e Walter Grassmmann seguraram um elenco com seis meses de salários atrasados e fez o time permanecer na Série B. Na sequência, Vadão e Gersinho apareceram novamente para montar um time do zero e chegar à final do Paulistão.

Quatro anos depois, Rodrigo Pastana e Marcus Vinicius deram respaldo para Marcelo Chamusca levar o Alviverde de volta a Série B.

Homens. Salvadores da Pátria. Eles sempre são os protagonistas. E a melhoria da estrutura? E a modernidade prometida aos quatro ventos por Marcelo Mingone, Álvaro Negrão, Horley Senna e Palmeron Mendes? Nada acontece, nada muda.

Não sabemos o desenlace da Série A-2. O Guarani transforma-se em favorito a cada rodada. Mérito dos dirigentes? Nenhum. Talvez eles não atrapalhem. Já é muito. Duro é constatar que não preparam o futuro. Ou não ligam.

Se não querem “colar” as lições de Petraglia, que mirem-se então em Luiz Gonzaga Belluzzo que, apesar dos erros do futebol em 2009, soube iniciar a construção de um acordo que transformou o Palmeiras em uma máquina de ganhar dinheiro a partir de 2016. Ou próprio Antenor Angeloni, que permaneceu à frente do Criciúma por anos e anos, mas conseguiu pagar dívidas e ainda erguer um Centro de Treinamento que nenhum clube de Campinas jamais ousou sonhar.

Dirigentes do Guarani: lembrem-se dos erros do passado, permita aos funcionários conduzirem o presente e construam o futuro. Não queiram desempenhar o papel de passageiros da história. Sejam condutores.

(análise feita por Elias Aredes Junior)