Análise Ponte Preta: como o desprezo pela opinião alheia ajuda na adesão ao protesto de sábado no Majestoso

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A Ponte Preta viverá no sábado um instante decisivo de sua história. Pontepretanos sem ligação política entre si e outros grupos políticos articulam uma manifestação na frente do estádio Moisés Lucarelli. Tudo para preservar o estádio, sua história e inviabilizar a construção da Arena  no Jardim Eulina.

Não haverá meio termo: se a manifestação registrar adesão em massa e as imediações estiverem repletas de pontepretanos, um novo marco estará feito. Por mais que Sérgio Carnielli e aliados queiram ignorar os apelos de uma parte relevante da torcida, a pressão popular ganhará impulso extraordinário.

Argumentos não faltam para o torcedor comparecer. O principal é fornecido pela própria W/Torre, financiadora do novo projeto: São Januário e Vila Belmiro, estádios mais antigos, serão reformados enquanto que o Majestoso teve hipótese descartada. Sem contar outros motivos já enumerados por este Só Dérbi, como por exemplo o risco de abandono do local, algo que já acontece no estádio Olimpico em Porto Alegre.

O principal combustível, no entanto, atende por uma expressão: falta de espirito democrático. Independente da pouca presença de público nos estádios, a Ponte Preta é um clube popular. De massa. Não, não venham com argumentos fúteis, em dizer que as regiões do Campo Grande e Ouro Verde torcem para outras equipes ou que as equipes estrangeiras invadiram os corações e mentes de garotos campineiro. Isso também acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro. E ninguém que Flamengo e Corinthians perderam o cárater popular. Isso é querer enfiar goela abaixo um elitismo que não existe.

Ao invés de rebater com argumentos, o caminho seguido é o da desqualificação do interlocutor. As redes sociais e as reuniões do Conselho Deliberativo estão cheios de exemplos de defensores da arena com uma postura de desprezo e galhofa em relação as ideias dos oposicionistas.

Tenho que ser justo: nas redes sociais, o advogado e vice-presidente do Conselho Deliberativo, Pedro Maciel, é o único que se coloca favoravelmente ao projeto e tem uma postura democrata e respeitosa com os opositores.

O restante, nada. Desprezam, diminuem e pior: não escutam as vozes contrárias. Partem para a desqualificação . Este jornalista, por exemplo, já foi vitima disso em sua rede social. Tenho posição: sou a favor da modernidade. Mas também da preservação da história.

Nem a comissão da arena pode ser retirada desse cenário. Eduardo Lacerda, Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira parecem achar que aquilo que verifica-se no Conselho Deliberativo, com poucos votos contrários está reverberado na torcida. E o que fazem? Não dão entrevista coletiva, não explicam e não se submetem ao contraditório.

Mal sabem estas pessoas que este desprezo, seja ou não deliberado, é o combustível para arregimentar mais pessoas adeptas da causa pela manutenção do estádio Moisés Lucarelli. Ninguém gosta de ser excluído. Não é saboroso sentir colocado de lado. E muitas a saída é que muitas vozes falem por uma. Para que se tenha mais peso.

Agora, essa história terá um capítulo decisivo no próximo sábado. Aguardemos.

(Elias Aredes Junior)