A equipe de Umberto Louzer jogava com dois objetivos contra o Rio Claro. O primeiro, óbvio, vencer para continuar na cola do líder São Bernardo. O segundo, conseguir uma boa vantagem para o quinto colocado, para talvez poder administrar as partidas como visitante na reta final da primeira fase.
Até os 35 minutos do segundo tempo, os dois objetivos já estavam alcançados, mas 10 minutos quase colocaram tudo a perder. Pelas circunstâncias, com o estádio recebendo o melhor público do ano, o time saiu com gosto de prejuízo do Brinco.
Na saída do gramado após o apito final, os jogadores do Rio Claro valorizaram o ponto somado na casa do “melhor time da A2”. Foi assim, ao menos, que o goleiro Dheimison e o meia Franco rotularam o Bugre: o time mais forte da divisão do Campeonato Paulista.
E o discurso faz sentido. Ou quase.
O primeiro parâmetro é a tabela da Série A2. O Guarani é o segundo colocado com três pontos de desvantagem para o organizado São Bernardo, único invicto e responsável por uma das derrotas do time de Umberto Louzer na competição.
Mas com o equilíbrio de posicionamento na tabela entre as duas equipes há um fator preponderante que pesa para o time campineiro: peso na camisa no mata-mata.
Sim, acho que tradição pode ter um peso mínimo nos pontos corridos, mas nos playoffs ganha espaço. É a vantagem que os adversários enxergam no Bugre. A própria Série C de 2016 demonstrou isso com o próprio Guarani.
Dheimison e Franco apontaram o Guarani como o melhor time e não melhor elenco. Concordo. O técnico Umberto Louzer não tem peças para mudar o rumo de uma partida, mas têm jogadores suficientes para construir vantagens durante os jogos.
Apesar da problemática defesa, Bruno Brígido se demonstrou um goleiro de qualidade e de muita segurança.
Em relação ao ataque, inclusive com a participação dos volantes na construção das jogadas, o time se pôs a tocar a bola e buscar espaços. Com Erik e Bruno Nazário abertos, Bruno Mendes bem dentro da área e também com qualidade para sair e abrir espaços, mas especialmente com Rondinelly buscando muito jogo com a bola nos pés.
A questão é que o jogo não pode ser apenas isso. Além dos inúmeros problemas do lado direito da defesa com Lenon e Lucas Kal, os minutos finais de Guarani e Rio Claro mostram falta de controle e paciência para procurar espaços, dar um passo atrás com a bola, atrair a marcação e buscar o jogo em espaço.
O mais importante é que o namoro com a bola não seja perdido na primeira adversidade. E Louzer conseguiu em outras derrotas. O Guarani que ousa se classificar pela primeira vez ao mata-mata da Série A2 não pode ter só uma boa roupa. Se tiver várias peças, sempre será possível variar e estar bem vestido. Futebolisticamente, é preciso repertório para conseguir resultados nos momentos decisivos, pois ter o melhor time e/ou a camisa mais pesada não basta para estar entre os melhores. Os cinco anos na A2 demonstraram isso.
(análise de Júlio Nascimento/foto: GuaraniPress)