Fazer a bola entrar não será o principal desafio de Vanderlei Pereira em seu novo mandato na Ponte Preta. Tampouco angariar simpatia para os combalidos Eduardo Baptista e Gustavo Bueno. Coloque de lado a missão em diminuir a punição do número de jogos da Ponte Preta decorrentes da confusão contra o Vitória (BA). A tarefa principal está resumida em uma única expressão: construção da credibilidade.
Fatos são fatos. Não podem ser escondidos. Dos 835 eleitores habilitados, 250 apareceram para votar. Os 239 votos recebidos foram só 14 acima do número de integrantes de chapa e que são estipulados pelo estatuto. Mais de 70% dos eleitores não quiseram sair de casa. Junte tais dados com os acontecimentos dos últimos três anos. Nunca houve conexão entre a diretoria executiva e as arquibancadas. Queiram os defensores ou não, a rejeição ao atual grupo político é muito forte. Com o rebaixamento, a unanimidade negativa flertou com Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira.
Com estádio interditado e separado da torcida, é fato que a Alvinegra Campineira está dilacerada, destruída politicamente e sem lideranças que transmitam credibilidade. O que fazer? Como sair da cilada? De que maneira produzir dias de harmonia e esperança?
Para começo de conversa, o ambiente nas reuniões do Conselho Deliberativo precisa mudar. A cada reunião existem relatos de que a oposição foi impedida de falar ou que medidas foram sido impostas goela abaixo, sem qualquer discussão.
Outra coisa é assumir a culpa pelos fracasso. A má gestão não é de agora. É extensa e já passou por vários gestores e executivos de futebol. Nunca existiu um mea culpa. Nunca foi realizada uma entrevista coletiva em que Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli, Hélio Kazuo e outros integrantes da diretoria executiva confessassem a sua culpa no atual estado da Ponte Preta. Uma simples frase “eu errei” e já estava tudo resolvido.
E eles não digam que todos os dirigentes adotam a omissão como estratégia na hora do fracasso. Confira esta declaração do então diretor de futebol do Internacional, Fernando Carvalho, logo após o jogo com o Fluminense e a confirmação do rebaixamento do time colorado. “Na verdade, o Inter fez por merecer estar nessa situação. Os responsáveis por isso somos nós. Eu sou responsável a partir de agosto das ações no futebol e não posso fugir da minha responsabilidade. Eu acabei entrando nesse clima, ficando abatido”.
Hoje, a Ponte Preta está rebaixada, assim como o Internacional em 2016. Mas o seu presidente, hoje recuperado no campo, não precisa lembrar sempre que a urna lhe deu uma vitória meia boca e que lhe obriga a buscar legitimidade.
(análise de Elias Aredes Junior)