A vida é feita de detalhes. A política de clube de minúcias. Adotar o túnel do tempo é preciso para entender fatos e decisões. No final de 2017, a Ponte Preta vivia um processo eleitoral fervilhante. Situação e oposição entravam em confronto para colher as assinaturas necessárias para juntar os delegados exigidos pelo estatuto.
Sérgio Carnielli liderava a situação. O grupo eleito que indicou José Armando Abdalla Junior como presidente. E que colocou na vice-presidência o ex-deputado estadual Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho. O diretor financeiro atual é o mesmo da gestão anterior, Gustavo Válio.
E a oposição? Dentro da legalidade e das normas estabelecidas pela constituição, buscava obstruir, denunciar os problemas da Ponte Preta e de quebra buscar uma maneira de construir um projeto de governo e de poder. Legitimo. Democrático. Dentro da regra do jogo.
E um dos líderes deste projeto era André Carelli. Autor da ação judicial que tirou Sérgio Carnielli do poder, desde a primeira hora foi uma pessoa que buscou emplacar um grupo oposicionista. Está integrado ao grupo “Tudo pela Ponte, Nada da Ponte”. Que nasceu que a meta de auxiliar a Ponte Preta com ideias, sugestões e fiscalização. Do poder constituído.
Eis que de repente, a torcida é surpreendida com a noticia de que André Carelli, o líder da oposição foi nomeado como diretor social. O que era oposição virou situação. Aquele que era contra o poder virou um aliado de primeira hora. Como entender? De que forma compreender?
Se afirmar que o cargo foi aceito porque Sérgio Carnielli não influencia mais a atual administração é um
argumento frágil. Porque então podemos concluir que a oposição não era contra as ideias aplicadas no cotidiano do clube e sim contra uma única pessoa. E aí, o equivoco é tremendo. Imperdoável.
Fica a impressão de que ocorreu uma cooptação da situação em relação a parte da oposição.
Alguém pode alegar: poxa, mas só é possível ajudar se colocar a mão na massa. Nada disso. Quando você está inserido em uma comunidade, a produção de ideias, projetos e de uma estrutura de governo para ser implantada em médio e longo prazo traz muitos mais benefícios do que sentar na cadeira e ficar na caneta na mão.
Na história política do Brasil tivemos governos municipais, estaduais e federais que ajuntaram tantos, que a cooptação de grupos oposicionistas foi tamanha que pensamentos contrários foram sufocados. Pense, raciocine e você sabe de quem falo.
A Ponte Preta não vai crescer com todos de um mesmo lado. A Macaca crescerá com disputa de ideias, debate saudável e entendimento de que vaidades por nomenclaturas não valem nada diante da obrigatoriedade de construir o futuro. E isso vale para todos.
Situação e oposição. A Diretoria Executiva pode encontrar-se feliz com a Chegada do novo integrante. André Carelli pode estar exultante pela nomeação. Mas para quem pensa em uma agremiação focada no futuro e na construção de alternativas, acredite: é uma péssima ideia.
(Elias Aredes Junior)