Dirigentes do Brasil não perdem a mania: com pressa por resultados e uma ansiedade sem tamanho, saem demitindo treinadores sem qualquer remorso para agradar à torcida. A demissão de Vinicius Eutrópio na Ponte Preta aumenta a lista de treinadores com rápidas passagens pelo Estádio Moisés Lucarelli desde a “Era Carnielli”.
Após o empate para o Botafogo-SP por 1 a 1, Vinicius Eutrópio foi desligado do clube e entrou para a galeria dos treinadores que não duraram cinco jogos no comando da Macaca. Além de Eutrópio, essa lista tem Sidney Moraes, Zetti, Pepe, Norberto Lopes, Fito Neves e José Roberto Fernandes. Alguns, após saírem do Majestoso conseguiram reciclar sua trajetória. Outros construíram novos argumentos para justificar a decisão da diretoria da Ponte Preta, que na época muitos consideraram precipitada. O desafio de Vinícius Eutrópio é sair da vala comum e reinventar-se. Por aquilo que exibiu no Majestoso, não será uma missão doce e fácil.
ZÉ ROBERTO FERNANDES
Após levar o XV de Jaú ao vice-campeonato da Série A-2 em 1995, Zé Roberto foi contratado para salvar a campanha da Ponte na mesma competição em 1996. Com quatro jogos restantes para o término da competição foram duas vitórias e duas derrotas na Macaca. Não foi o suficiente para mantê-lo no cargo para a Série B. Quando deixou o Brasil no final da década de 90, o treinador optou por trocar o interior paulista para fazer carreira na Arábia Saudita e atualmente comanda o time sub-20 do Al Jazeera, nos Emirados Árabes.
FITO NEVES
A primeira aposta de Sérgio Carnielli quando chegou à presidência, substituindo Nivaldo Baldo em setembro de 1996 foi Fito Neves. Treinador em ascensão no início dos anos 90, com bom trabalho no Vitória de 93 e campeão pernambucano com o Santa Cruz em 95, Neves substituiu Wanderley Paiva na Série A-2 de 1997 e ficou 18 dias no cargo. Com ele no comando, a Ponte não conseguiu passar de duas derrotas e um empate. O último trabalho de Fito Neves foi comandando o Icasa em 2009.
NORBERTO LOPES
O substituto de Fito Neves foi Noberto Lopes, que estava trabalhando na Paraguaçuense. Lopes trabalhou apenas em uma partida, venceu sua ex-equipe, mas faleceu durante o exercício do cargo em 1997.
JOSÉ MACIA, PEPE
Das passagens relâmpagos quem obteve mais sucesso foi Pepe. Contratado em novembro de 1997 para substituir o ex-técnico Pardal na reta final da Série B, levou a Ponte ao acesso na competição com três vitórias e dois empates em 5 jogos. Com a boa campanha na Macaca, recebeu o convite para assumir o Atlético-PR e seguiu sua carreira de treinador que terminou em 2006, justamente na Ponte.
ZETTI
Em 2005, a Ponte fazia uma campanha regular na Série A do Campeonato Brasileiro com Vadão, quando o treinador decidiu trocar Campinas pelo futebol japonês. O escolhido pela diretoria foi o ex-goleiro Zetti. Uma campanha pífia: quatro derrotas em quadro jogos e foi substituído por Estevam Soares. A carreira de Zetti como técnico durou até 2010, quando deixou o Paraná Clube para assumir a função de comentarista na televisão.
SIDNEY MORAES
Após o vice-campeonato na Sul-Americana e o rebaixamento para a Série B em 2013, a Ponte tentava recomeçar com Sidney Moraes. O treinador, que chamava atenção após boa campanha no Icasa, chegou a assinar contrato com o Avaí, mas preferiu aceitar o convite da Macaca para a disputa do Campeonato Paulista. Em três jogos foram duas derrotas e uma vitória, mas um desentendimento com a diretoria pontepretana selou a demissão de Sidney, que está desempregado há um ano, após deixar o Paysandu.
VINICIUS EUTRÓPIO
O exemplo mais recente das passagens meteóricas no comando da Ponte Preta é de Vinicius Eutrópio. O treinador realizou campanhas razoáveis comandando Chapecoense e Figueirense, mas não repetiu a dose na Macaca e foi demitido após dois empates e duas derrotas nas quatros partidas oficias em que esteve no cargo. Agora, sua missão é reinventar-se na carreira e transformar a passagem por Campinas em um acidente de percurso.
(texto e reportagem: Júlio Nascimento)