Bruno Pivetti viverá uma sensação diferente neste domingo. Depois de frequentar a arquibancada como criança e adolescente, agora ele será o comandante do Guarani no dérbi de número 205. Certamente é algo que nunca passou pela sua cabeça até quando iniciou a sua trajetória de treinador. É difícil imaginar que o destino permita que possamos defender os nossos amores e paixões em conjunturas especiais. O destino lhe concedeu esta primazia.
Vai sentar no banco de reservas em condição confortável. Pegou um elenco sem confiança e em seis jogos conseguiu quatro vitórias e frequenta o grupo de classificação. Montou um sistema defensivo mais sólido do que aquele existente no Campeonato Paulista e conta com jogadores com capacidade de decisão como Régis, Derek, Bruno José e o contra-ataque de Bruninho.
Isto pode ser insuficiente. Loucura? Nada disso. Assim como o filho que precisa constantemente provar o seu valor ao pai, um treinador com passado de torcedor sempre tem a exigência de comprovar a sua utilidade para o seu povo originário. Lembre as desconfianças e conflitos vividos por Rogério Ceni no São Paulo ou Luiz Felipe Scolari na época de Grêmio e saberá do que falo.
Pivetti não tem o passado de jogador para lhe resguardar. É o presente que importa. Venceu, aplausos. Perdeu ou empatou, as criticas aparecem.
Se vencer o dérbi certamente ganhará o carimbo da aprovação e do aconchego de quem senta nas arquibancadas. Ele sabe que, dependendo da circunstância da partida, qualquer outro resultado poderá produzir dores de cabeça por muitas rodadas.
Um torcedor bugrino ser o técnico do clube em um dérbi não é um jogo qualquer. É a prova de fogo para comprovar de uma vez por todas a validade de sua estadia. Que Pivetti tenha consciência dessa missão.
(Elias Aredes Junior-Foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)