O treinador com o qual tive maior proximidade foi Oswaldo Alvarez, o Vadão, falecido em 25 de maio de 2020. Tinha histórias saborosas e fazia revelações de como era o mundo do futebol e como ele reagia diante de tais fatos. Certo dia, ele me contou que, quando foi contratado para dirigir o Guarani em 2009, os integrantes da Diretoria lhe pediram que apenas buscasse a manutenção na segundona nacional.
Conforme o dia da estreia aproximava-se contra o Fortaleza e ele observava que os treinamentos realizados em Jaguariúna davam um resultado além do esperado ele disse em conversa informal com a Comissão técnica que tinha mudado sua decisão. “Vamos brigar lá em cima. Vamos buscar o acesso”, disse. O resto é história.
Dois anos depois, como repórter do Tododia, ao entrevistar o preparador físico Walter Grassmann tomei conhecimento de uma realidade sombria no Guarani: falta de pagamento de salários, condições de trabalho insatisfatórias, reclamações sobre o cotidiano, entre outros pontos. A matéria caiu como uma bomba no Brinco de Ouro, mas o preparador físico confirmou as informações.
Entre estes dois fatos existe algo comum: estes dois profissionais da bola fizeram aquilo que deseja o torcedor bugrino. Vadão encampou o sonho, a ambição de chegar ao topo, de ser o ator principal. Conseguiu. Já Grassmann teve transparência e foi verdadeiro, algo que é muito elogiado por qualquer torcedor bugrino consciente.
Porque citei estes dois exemplos? Por que o atual técnico Bruno Pivetti transmite em suas ações o desejo de ficar sintonizado com os anseios de quem senta na arquibancada. O time bem avançado, o ímpeto ofensivo, a ambição de vencer seja qual for o adversário, a vibração a beira do gramado é a encarnação do espirito bugrino.
Pode dar errado daqui em diante? O time pode cair de ponta a cabeça na competição? Nada pode ser descartado. Só que não podemos ignorar os fatores e fatos que fizeram o Guarani sair de uma equipe letárgica e limitada no Paulistão para um time vibrante e consciente de suas limitações, mas também de seus objetivos na Série B.
Bruno Pivetti sabe o que quer e deseja o torcedor bugrino. Ajuda já ter sentado na arquibancada no passado? Sim, muito. No entanto, tem muito profissional da bola que mata sua paixão de infância em nome do triunfo pessoal. Bruno Pivetti parece querer adotar outro caminho. Não quer deixar na mão o time de infância. Que tenha êxito.
(Elias Aredes Junior-Com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)