Ceregatti, Barbarotti e o cenário delineado: a Ponte Preta quer brincar com fogo. Sem luvas!

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A Ponte Preta flerta com o perigo. Gosta de caminhar na beira do abismo. Só essa conclusão podemos chegar com a definição da estrutura do futebol para 2019 e que deve ser oficializada na tarde desta terça. Devemos concordar que Mazola Junior tem a experiência de nove anos de Série B para lhe respaldar e buscar o acesso.

Entretanto, o respaldo tem a tendência de deixar a desejar. Em 2018, o executivo de futebol Marcelo Barbarotti não demonstrou aptidão para cuidar das questões menores do futebol e a administração de um bom ambiente, algo que só foi consertado com a gestão de Gilson Kleina nas rodadas finais. A impressão transmitida é que Barbarotti não teve a percepção suficiente para entender que trabalhar no Novorizontino é bem diferente daquilo que é exigido na Ponte Preta. O sarrafo subiu. Não foi pouco.

Para o trabalho de Mazola Junior ter chance de êxito ficou claro que deveria ser viabilizado além da melhoria da estrutura a contratação de profissionais tarimbados, com rodagem no mundo da bola e capazes de montar um bom time com muitos recursos. Eis que a Ponte Preta vai anunciar Rodrigo Ceregatti como gerente de futebol.

Jornalista formado, com atuação na assessoria de imprensa do próprio clube, nas categorias de base e profissional e na empresa Suave Sports, ninguém é louco de contestar que o novo gerente teve contato com futebol. Ter contato é uma coisa; ter a malícia, a capacidade de detectar o perfil adequado para atuar é outra história. Ceregatti assumirá um clube conflagrado, com guerras entre as tendências políticas e com necessidade de subir para a divisão de elite. Ou seja, sem jogo de cintura (traduzindo: diplomacia) será quase impossível sobreviver na selva da bola.

Sem contar outro aspecto: conhecimento de mercado e boa capacidade administrativa serão atributos nulos se não vierem acompanhados de perspicácia no trato pessoal, uma falha notória do futuro gerente.

Na sua atuação como assessor de imprensa da Ponte Preta ficaram notabilizados seus embates e comportamento irascível com profissionais de imprensa e sua obsessão de bloquear o acesso à informação. O que no fundo, é censurar o torcedor, que é o receptor da mensagem. Agora, ele é que será o responsável em gerar as informações. O que fará? Terá uma relação bélica com a imprensa ou saberá entender o trabalho de quem precisa informar o torcedor?

Fato é que José Armando Abdalla Junior faz uma aposta alta. Deposita suas fichas em profissionais que hoje não demonstram a tarimba suficiente para chegar pelo menos entre os oito melhores do Paulistão ou entre os quatro melhores da Série B. Se for bem sucedido, parabéns aos envolvidos, sem ironia. Se o fracasso vier as consequências não serão brandas.

Minha visão? Que a Ponte Preta brinca com fogo. Sem luvas.

(análise feita por Elias Aredes Junior)