Clássicos em SP e MG comprovam que torcida única no derbi campineiro será paliativo contra um problema complexo, a violência no futebol

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Em Itaquaquecetuba, um corintiano morreu após ser espancado por um grupo de santistas. Os torcedores organizados do Alvinegro da Vila Belmiro alegam que foram vítimas de uma emboscada por parte de torcedores corintianos. Detalhe: o clássico no estádio do Pacaembu era com mando santista e torcida única.

No período da manhã, o embate entre Atlético Mineiro e Cruzeiro contou com torcida visitante e, posteriormente, confrontos entre as duas torcidas e com o registro de feridos. Qual a relação destes dois acontecimentos com o dérbi campineiro? Total.

Um das vantagens vendidas pelos promotores públicos e autoridades de segurança para que só bugrinos estejam presentes no Brinco de Ouro no primeiro turno é o fato de que a torcida única inibiria atos de violência com os torcedores pontepretanos e vice-versa. Os fatos no clássico paulista colocam a tese logo abaixo.

Os acontecimentos em Belo Horizonte comprovam que torcida única ou visitante não é o ponto principal para assegurar uma presença de público segura nos estádios e tranquilidade na cidade em dia de jogo. O que viabiliza tranquilidade é um plano de segurança, com trabalho de inteligência que consiga captar problemas em outras regiões da cidade e prender e punir os responsáveis.

Não temos o dérbi campineiro há mais de cinco anos e nem por isso não ocorreram registros de violência em diversas regiões da cidade. E nunca podemos esquecer que do total de torcedores organizados apenas 6% estão envolvidos com atos de violência.

Dizer que a torcida única vai dar segurança para quem for ao jogo é meia verdade. Sem um planejamento adequado por parte das autoridades, quem assegura que no retorno para casa o torcedor poderá deparar-se com uma emboscada e colocar em risco pessoas inocentes? O fato é que desejam vender a torcida como a solução de todos os males. Mas é apenas uma cortina de fumaça para esconder como as autoridades públicas e até parte da imprensa esportiva de Campinas e do Brasil encaram, de modo simplório e superficial, um problema complexo, que envolve questões sociais, econômicas e de segurança pública. Mas reconheço: jogar e agradar o senso comum é muito simples. E perigoso.

(análise feita por Elias Aredes Junior)