Como entender os critérios de escalação de Eduardo Baptista? Só o treinador para esclarecer. Mas ele quer falar?

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Todo treinador tem suas predileções. É seu direito. É pago para tal tarefa. Na Ponte Preta não é diferente. Só que algo incomoda uma parte dos torcedores e da crônica esportiva, que é a incompreensão em relação aos critérios de escalação do técnico Eduardo Baptista. Os fatos jogam contra o treinador e ele insiste em patrocinar medidas que produzem mais apreensão do que conforto.

Com boa vontade, Antonio Carlos é o único zagueiro com um mínimo de qualidade do atual elenco. Os outros falharam. Clamorosamente. Fábio Ferreira é o produto do enredo. Se alguém desejar alguma prova basta ver os vacilos de Fábio Ferreira contra Atlético-PR e São Paulo e que geraram pênaltis ao adversário. Fábio Ferreira cumpre suspensão contra o Santa Cruz e qual a medida tomada por Eduardo Baptista? Retorna com o jogador.

Teimosia? Convicção? Duro é constatar que os argumentos técnicos não convencem. Só posso apostar de que é um atleta com liderança sobre o grupo e sua retirada iria acarretar em quebra na harmonia de vestiário. Acontece. É comum no futebol. Técnico precisa engolir sapo. Deveria pelo menos deixar implícita tal situação.

Outros treinadores escalam não com foco no presente e sim no futuro. Acreditam no potencial técnico do jogador e defendem a escalação de determinado atleta, apesar da má fase técnica ser crônica. A aposta é de que o fruto vai desabrochar.

Maycon e Clayson tem encaixe perfeito no modelo. O primeiro, volante com credibilidade no Corinthians e convocado para a Seleção Brasileira Sub-20 nem de longe exibiu potencial para justificar sua titularidade no estádio Moisés Lucarelli. Nem por isso teve sua posição ameaçada. Clayson foi pior. É autor de jogadas infantis e o “gran finale” ás avessas surgiu na Copa do Brasil, quando foi desleixado e permitiu o contra ataque do Atlético Mineiro e o gol de Lucas Pratto.

Por que os critérios de escalação destes dois jogadores deixam a torcida em desespero? Ao invés de utilizar um discurso focado no futuro, Eduardo Baptista sempre defende tais jogadores com a ênfase de que jogaram bem. E nem sempre isso corresponde a realidade vivida nos 90 minutos.

Assim como é díficil entender o seu critério na formulação do meio-campo. Em algumas partidas, banca Thiago Galhardo como única saída. Em outras descarta ele e Ravanelli e aposta em um esquema com três volantes. Nem a necessidade de vencer em casa não fez o técnico abdicar de sua estratégia. Resultado: nenhum armador teve sequência na competição e o sistema de criação da Macaca depende basicamente de um dia inspirado dos atacantes ou dos laterais.

Todos estes exemplos demonstram algo que só tempo irá corrigir no treinador pontepretano: comunicação. Como já mostrei em artigo anterior, suas respostas exibem o apego a uma realidade paralela. Não explicam ou esclarecem ao torcedor porque jogadores em péssima fase técnica ficam no gramado. A receita é acompanhada com uma pitada de arrogância, como se não tivesse a obrigação de prestar contas. Algo na linha “Eu sei tudo e vocês não sabem nada”.

Eduardo Baptista é bem intencionado. É pontepretano. Estudioso ao extremo. Mas o discurso truncado e sem informações vitais para entender sua linha de trabalho podem se transformar em um cupim incumbido de corroer uma madeira aparentemente sólida, que é a sua carreira.

A vida é uma escola. Eu aprendo, você também, qualquer um. E aprendizado tem que vir acompanhada de humildade e perspicácia. Tomara que Eduardo Baptista desenvolva tais atributos. Para o bem da Ponte Preta.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Thiago Toledo Araújo-Pontepress)