Em matéria veiculada no domingo no programa “Fantastico” da Rede Globo, os repórteres Rodrigo Capelo e Gabriela Moreira levantaram uma série de duvidas sobre informações contidas no balanço contábil do Cruzeiro. Algumas esbarram na questão ética, como dirigentes que recebem muito acima de qualquer CEO de multinacional.
Algumas, entretanto, são claras infrações aos regulamentos da Fifa, como por exemplo a de ceder direitos econômicos de atletas das categorias de base para pessoas jurídicas ou físicas que fazem empréstimos.
Existe até o caso de um garoto de 12 anos que já teria 20% de seus direitos vendidos, o que é contrário às regras da Fifa. Em resumo, a direção do Cruzeiro divulgou uma nota assinada pelo presidente Wagner Pires de Sá e que credita a denúncia aos opositores que enganaram jornalistas de alcance nacional. Os dirigentes do Cruzeiro soltaram uma nota que mais confunde do que explica. Pois é.
É impossível esquecer o futebol de Campinas ao assistir a matéria. Não porque duvidamos da conduta moral e ética de qualquer dirigente. Não. Só que existe a necessidade de esclarecer informações ao distinto público, tanto por parte dos dirigentes bugrinos como de pontepretanos.
Exemplo claro: os jogadores que atuam com as camisas de Ponte Preta e Guarani tem a totalidade dos direitos econômicos pertencentes as agremiações? Caso contrário, quais são as agremiações que têm tais direitos? Existem atletas que já são proprietários de direitos econômicos no interior do elenco?
Mais: temos empresários que auxiliam os clubes campineiros com recursos financeiros? Se eles não podem ser detentores de percentuais de direitos econômicos, como eles podem ser ressarcidos?
E o Conselho Fiscal? É ativo tanto em Ponte Preta como no Guarani? Eles possuem acesso a todas as informações possíveis? Na Ponte Preta existirá independência de fato e de direito para os poderes executivo e legislativo? E o novo Conselho do Guarani? Poderá exercer seu trabalho com eficiência? São perguntas pertinentes.
É impossível fechar os olhos para uma nova produzida a partir de uma reportagem tão consistente. Ou seja, a de que os clubes brasileiros precisam caminhar na trilha da transparência. E se já estão, precisam intensificar ainda mais. Que as denúncias feitas no Cruzeiro sirvam de inspiração para que o futebol campineiro trilhe o caminho da decência, transparência e da competência. Seria o passo inicial para uma retomada de grande porte no gramado. E óbvio que ninguém aprende e aplique aquilo que foi denunciado pela Toca da Raposa.
(Elias Aredes Junior)