Entre 2012 e 2015, o estádio Moisés Lucarelli foi palco da disputa de três brasileirões (2012, 2013 e 2015) e a Ponte Preta ficou submetida a um contrato que determinava a seguinte distribuição:
Ambição. Desejo de vitórias. Palavras que estão no vocabulário do torcedor da Ponte Preta. O debate está instalado na opinião pública. Cobranças fortes são dirigidas aos dirigentes. Á primeira vista, a verba distribuída no Paulistão concede argumentos para montar um time competitivo. A disparidade econômica em âmbito regional é menor. Mas a Macaca não quer os mesmos jogadores de Audax, São Bento, Santo André, São Bernardo, Linense e Ituano. Para se ter uma ideia, fora dos quatro grandes, só três paulistas estão incluídos entre os 40 principais clubes do Brasil: a Ponte Preta na divisão de elite e Guarani e Oeste na Série B. Ou seja, para galgar posições de destaque no Brasileirão é preciso disputar a arena de mercado de Vitória, Bahia, Atlético Paranaense, Coritiba, Chapecoense e os 12 gigantes. Neste momento, a disparidade ganha contornos de dramaticidade.
Flamengo e Corinthians: R$ 110 milhões
São Paulo: R$ 80 milhões
Vasco e Palmeiras: R$ 70 milhões
Santos: R$ 60 milhões
Cruzeiro, Atlético Mineiro, Grêmio, Internacional, Fluminense e Botafogo: R$ 45 milhões
Coritiba, Goiás, Sport, Vitória, Bahia e Atlético Paranaense: R$ 27 milhões
Demais clubes: Entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões
Neste período, de acordo com informações do Jornal Lance e do site torcedores.com, a Ponte Preta ao somar o montante arrecadado para a TV aberta e pay per view ficou com R$ 18,7 milhões ou 1,7% do total. Corinthians e Flamengo juntos no período ficaram com 18,3%.
No ano passado, a disparidade ganhou contornos reais de injustiça. Pelo novo acordo, a distribuição aos 20 participantes da divisão de elite ficou com R$ 1,233 bilhão e ficou distribuído da seguinte forma:
Corinthians e Flamengo – R$170 milhões cada
São Paulo – R$110 milhões
Palmeiras– R$100 milhões
Santos – R$80 milhões
Cruzeiro, Atlético/MG, Grêmio, Internacional, Fluminense e Botafogo – R$60 milhões cada
Coritiba, Goiás, Sport, Vitória, Bahia e Atlético/PR – R$35 milhões cada
Chapeconense, Figueirense, América Mineiro, e Santa Cruz: R$ 20 milhões
A Ponte Preta deveria encontrar-se no último grupo, mas a própria diretoria informou no final da temporada que obteve um acréscimo e fechou em R$ 23 milhões. Mesmo assim, a concorrência fica difícil: fica em 1,865% do total. Se a quantia fosse R$ 20 milhões o percentual seria de 1,62%.
Apesar do avanço tímido em relação ao último contrato, o efeito positivo é anulado porque só Flamengo e Corinthians ficam com 27,56% do total. Traduzindo: a cada R$ 100 distribuídos, a Macaca fica com R$ 1,86 e Flamengo e Corinthians juntos ficam com R$ 27,56. Pense, reflita: como competir?
Os dados revelam uma verdade dolorida: em 2016, o PIB desceu 3,4% e no período de 2012 a 2016 a inflação registrada segundo o IGP-M ficou em 39,74%. Como na vida real, os ricos conseguiram se proteger enquanto os médios e pequenos padecem. A Ponte Preta não foge desta realidade e terá agora que utilizar criatividade e sabedoria para fazer bons negócios e fugir de uma temporada com dificuldades. Chegou a hora de separar os homens dos meninos.
(texto, análise e reportagem: Elias Aredes Junior)