Discurso em uma direção, atitudes no rumo oposto. O que deseja Giovanni Di Marzio na Ponte Preta?

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No final da tarde de quinta-feira recebi pelo whatsaap quatro cópias de uma mensagem publicada pelo ex-vice- presidente da Ponte Preta, Giovanni Di Marzio, no twitter. A íntegra é a seguinte: “Informo a quem possa interessar que não estou fazendo NENHUM movimento para tirar Abdalla e que não tenho o MENOR interesse de ser presidente da Ponte, se tivesse teria aceito o convite ano passado! Estou MUITO feliz de volta à arquibancada e pretendo continuar assim!boranegrona”, disse na rede social.

Não é a primeira vez que surge o assunto. Logo depois da reunião do Conselho Deliberativo do dia 24 de setembro, entrei em contato com Di Marzio e posteriormente ficamos conversamos no telefone. Ele negou de pés juntos a intenção de disputar em um futuro próximo a presidência da Ponte Preta e citou conversas que teve com ex-dirigentes de outros clubes que lhe demoveram da ideia de lutar pela indicação para ser o substituto de Vanderlei Pereira. Apesar da nova reafirmação, Di Marzio tem alguns gestos conflitantes com aquilo que declara. Precisa calibrar esse panorama para evitar consequências amargas.

Giovanni não é somente um torcedor da Ponte Preta. Por ter ocupado cargos dentro da diretoria executiva da Ponte Preta e por ser conselheiro qualquer declaração ou atitude de sua autoria traz repercussão. Sendo mais didático: o ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso não ocupa um cargo público há 16 anos, mas toda a sua trajetória e suas declarações são escrutinadas.

Por que? Pelo fato de ter sido uma pessoa que deteve poder e influência. Em escala bem menor, Giovanni Di Marzio enquadra-se neste modelo. Di Marzio assinou uma petição para pedir explicações sobre gestos e decisões de José Armando Abdalla Junior. Outros conselheiros assinaram, mas a repercussão foi quase nula. Motivo: eles não ocuparam cargos na diretoria. Automaticamente, não há associação com ambições executivas.

Como Di Marzio é amigo de Sérgio Carnielli é normal que as pessoas associem sua postura como  interesses políticos de médio e longo prazo. Ele nega? Tudo bem, tranquilo. Mas os gestos conduzem a outra direção, queira ele ou não.

O que dizer então de sua festa de aniversário em que fez questão de tirar uma selfie com Sérgio Carnielli? A intenção foi mostrar carinho por um amigo? Concordaria se ele fosse um torcedor pontepretano anônimo.  Não é.

Qual a saída? Vou remeter novamente a política tradicional. Quem não deseja influir ou buscar nova recolocação no mundo político leva uma vida discreta, sem holofotes. Alguém ouviu falar do ex-governador do Rio Grande do Sul, Antonio Brito? Conduz sua vida na iniciativa privada e longe dos holofotes. Pedro Simon, 88 anos, vira e mexe dá algumas entrevistas, mas longe do entusiasmo de antigamente. Ex-governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury, também tem suas aparições rareadas.  Optou pela discrição e não demonstrou ambições, seja pela imprensa ou nas redes sociais.

Se existe o desejo de viver uma vida normal, que Giovanni Di Marzio adote idêntica postura. Caso contrário, só dará motivos para novas especulações.

(Análise feita por Elias Aredes Junior)