Em qualquer espaço institucional, a existência da oposição é salutar. Necessária. Urgente. É ela que determina o sentimento de esperança e de perspectiva. A eleição realizada na Ponte Preta, que teve vitória do MRP com 89,2% dos votos válidos deve ser analisada sob dois ângulos.
O primeiro é que não ocorreu participação plena e efetiva do seu eleitorado. A chapa DNA, apoiada por Sérgio Carnielli, recomendou que seus eleitores não comparecessem diante da denúncia de que conselheiros receberam ameaças. Algo abominável e que deve ser investigado pelas autoridades públicas. Não pode ficar impune e os autores devem ser punidos. Exemplarmente.
A comunidade pontepretana não deve ficar sem resposta. E a chapa DNA Pontepretano tem todo o direito de buscar os seu ressarcimento eleitoral e a pedir a realização de nova rodada de eleições. A legislação permite. Se a Justiça vai atender o pleito ou não, aí é da responsabilidade de cada juiz escalado para análise e julgamento.
Só que agora sob o ponto de vista do seu estatuto e respaldado pelo Código Civil – até que não se prove o contrário- a Ponte Preta tem uma nova chapa eleita e constituída para tomar posse.
Um grupo que conseguiu a vitória respaldada por um discurso oposicionista em relação às realizações do grupo político comandado por Sérgio Carnielli nos últimos 25 anos. A promessa é de fazer tudo diferente.
Exemplo prático: o projeto da Arena está enterrado. Pelo menos na próxima gestão. Entra em campo o empreendimento de reforma do estádio Moisés Lucarelli. É uma mudança de visão.
Evidente que muitos pontepretanos acordaram neste domingo com o sentimento de esperança e alívio. Uma chapa que ganha com 89,2% dos votos válidos ganha respaldo político gigantesco. Pode fazer seus projetos até de maneira mais tranquila.
Por outro lado, existe um cenário que não pode ser negado: a responsabilidade outorgada pelas urnas.
Queiramos ou não, felizmente ou infelizmente, a nova diretoria terá margem de manobra curtíssima.
Erro quase zero.
Dentro do gramado, terá que produzir resultados no mínimo razoáveis.
Traduzindo: no primeiro ano, manutenção nas duas divisões sem sustos. Ou briga pelo acesso na Série B. Caso contrário, o sentimento de frustração será imediato. Porque se as ideias de Sérgio Carnielli não serviam na atualidade para a Macaca, o mínimo que a torcida deseja é que elas sejam substituídas por algo melhor, moderno e com frutos.
E o futebol está cheio de exemplos de que não são perdoadas as falhas da oposição quando esta toma o poder.
Dou como exemplo o Vasco da Gama.
De 2001 a 2007, Eurico Miranda foi o presidente do Vasco da Gama. Sua coleção de erros administrativos e políticos foi tamanho que em 2008, o ídolo Roberto Dinamite foi eleito para ocupar a cadeira principal. Após um início promissor, com acesso na Série B, conquista na Copa do Brasil e participação destacada na Copa Libertadores, Roberto Dinamite perdeu-se na gestão do dia e em 2014 perdeu a eleição para…Eurico Miranda. Ou seja, o que era problema em 2008 virou solução em 2014.
Que os responsáveis pela chapa MRP demonstrem na prática uma grandiosa capacidade de transformação para a Ponte Preta. Se isso acontecer, todos saem ganhando. Especialmente a Macaca.
(Elias Aredes Junior-com foto de Diego Almeida-Pontepress)