A Ponte Preta venceu a Chapecoense por 3 a 2 aproximou-se dos quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro e a tendência é o ufanismo inconsequente e elogioso, sem a necessária reflexão.
Entendo isso por parte do torcedor, porque teve esta formação. Maravilhoso em um dia, trágico no outro. O que importa é viver o hoje. Dane-se o ontem e não quero saber do amanhã. O critico não pode se comportar assim. Deve ser rigoroso e observar os defeitos.
No caso da Ponte Preta, o diagnóstico é simples: só existe uma maneira de jogar. Se o adversário apresentar uma postura de tomar a iniciativa, ocupar o campo ofensivo e der espaço na defesa, a Macaca utiliza o contra-ataque. A muleta é tão forte que mesmo após as saídas de Clayson e William Pottker, a saída é sugar ao máximo Nino Paraíba ou utilizar Sheik para lançamentos longos. Vide o lance do segundo gol anotado por Lucca.
O que aconteceu diante do Atlético-GO? A Macaca teve espaço e a iniciativa, enrolou-se na armação das jogadas, teve atletas em péssima tarde e o anfitrião aniquilou as pretensões do time campineiro com eficiência na bola parada e nos contra-ataques. A Alvinegra provou do próprio veneno.
Os últimos 180 minutos comprovaram a existência de um entrave grave e crônico, até na vitória. Algo que explica a tendência de Gilson Kleina sempre colocar um terceiro volante para segurar o resultado. Porque o seu perfil de jogo é conceder espaço ao oponente e preparar a equipe para a “pressão”.
A solução não é complicada. Está à vista de todos. Não é o atacante Negueba, que faria a Ponte Preta jogar de modo idêntico desde janeiro.
A fórmula do plano B atende pelo nome de Renato Cajá. Esqueça o gol anotado no domingo, formulado a partir de um contra-ataque. Pense nas características do atleta. Toque refinado, técnico, capacidade para colocar o companheiro na cara do gol, eficiência nas bolas paradas, visão de jogo para balancear a bola e valorizá-la.
Junte isso ao seu companheiro Emerson Sheik, que não pode jogar como segundo atacante e sim como alguém talhado para armar e servir os seus parceiros a partir da zona intermediária. Eles estiveram em campo diante da Chapecoense e infelizmente de certa forma ficaram submetidos a mecânica de toques rápidos e com velocidade.
Se um outro modelo de jogo for construído baseado na compactação do meio-campo, na troca de passes entre Sheik e Renato Cajá e a busca de conclusão de Lucca você terá um caminho para descontruir oponentes que decidam “dar a bola” para a Macaca dominar o jogo. Mais: Nino Paraíba vai precisar arrancar toda hora para o campo ofensiva, só quando os dois maestros entenderem e visualizarem a brecha para entrar na defesa pelos lados do campo.
Compreendo o andamento do campeonato e o calendário apertado do mês de junho. O jeito é esperar julho, as folgas no calendário e formatar uma estratégia para explorar o potencial tanto de Sheik como de Cajá. Por que uma hora o campeonato pedirá algo a mais. Que a Ponte Preta não tenha perda de tal visão no horizonte.
(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Fábio Leoni-Pontepress)