Especial: após 21 anos, grupo politico liderado por Sérgio Carnielli deixa dívida da Ponte Preta dez vezes maior. Entenda os motivos

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Não existe assunto mais controverso do que a dívida da Ponte Preta com o presidente de honra Sérgio Carnielli. Apesar de se recusar a colocar um tostão sequer na agremiação há três anos, a Macaca tem diante de si o desafio de arrecadar R$ 101 milhões para quitar o montante devido ao dirigente afastado pela Justiça. O que pouca gente sabe é que a agremiação trocou um problema por outro maior.

Pesquisa da reportagem do Só Dérbi na coleção de livros da história da Ponte Preta, de autoria de Sérgio Rossi e publicados no final da década de 1990, constatou que no dia 29 de fevereiro de 1996, ainda na gestão Nivaldo Baldo, o valor da dívida pontepretana era de R$ 2.609.000, segundo valores informados ao Conselho Deliberativo na ocasião. Ao pesquisar a inflação do período, de 1996 até 2018 o índice fica em 288,81%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a aplicação do índice, chegamos ao valor atualizado da dívida anterior de R$ 10 144 098.64. Ou seja, se o presidente não aportasse nenhum recurso e não pagasse a dívida do clube, seria necessário apenas 10% do valor atual da dívida pontepretana para quitar tudo e deixá-lo no azul.

A obra de Sérgio Rossi descreve na página 158 de que as dívidas contraídas pelo clube já eram prioridade de discussão do Conselho Deliberativo. Era o início da trajetória de Nivaldo Baldo, presidente na ocasião e do qual Sérgio Carnielli era o vice-presidente. “(…) O Diretor do Departamento Jurídico Dr Antonio Simões Junior, assumindo a palavra comunicou  aos presentes que 54 ações trabalhistas e 17 ações cíveis são movidas contra a Ponte Preta e, que hoje, a divida da Ponte Preta está em R$ 1.359.000, além de outro passivo de R$ 1.250.000. Argumentou que o total da dívida de R$ 2.609.000 só poderá ser superado desde que haja seriedade e a atual diretoria tenha uma gestão de quatro anos, porque a base de hoje é a sobrevivência absoluta e em dois anos de gestão não haverá tempo para o Nivaldo Baldo consertar o clube. Encerrando o Doutor Simões argumentou aos membros do Conselho Deliberativo que os estatutos deverão ser renovados (…)”, relata o livro.

Ao pesquisar os balanços contábeis publicados ao longo dos anos pela Federação Paulista de Futebol, verifica-se que o grande salto do valor ocorre no período entre 2009 e 2015, época em que a Macaca disputou a Série B do Brasileiro de 2009 a 2011 e retornou em 2014.

O levantamento realizado mostra que a dívida saltou de cerca de R$ 59 milhões em 2009 para R$ 110 milhões em 2015, um aumento de 86,7%. Desde então, não houve mais aportes e alguns compromissos com o dirigente foram pagos, o que deixou o montante em R$ 101 milhões.

Na questão do pagamento de dívida com Carnielli, qualquer fórmula terá que ser analisado e votado pelo Conselho Deliberativo. Nos últimos anos Carnielli reiterou em diversas declarações à imprensa de que aguardaria a construção da Arena no Jardim Eulina e do complexo imobiliário para viabilizar o retorno do dinheiro colocado no clube por intermédio de contrapartidas. A reportagem do Só Dérbi entrou em contato com a assessoria de imprensa do clube para verificar se a metodologia continuava como prioridade, mas não obteve resposta. Assim que ela for feita, o texto será atualizado.

(artigo de autoria de Elias Aredes Junior)