O poder modifica as pessoas. Altera os parâmetros. Estabelece outros conceitos. Por vezes, entra em choque até com aquilo que anteriormente era sua defesa, o seu conceito de vida. O presidente de honra Sérgio Carnielli assumiu a Ponte Preta em definitivo no dia 09 de setembro de 1996 e tinha a missão de encerrar um período de turbulências políticas protagonizadas por ele próprio e o então mandatário Nivaldo Baldo.
Bom relembrar que ele antecedia administrações polêmicas, como a de Marco Antonio Abi Chedid e de Pedro Antonio Chaib, que para evitar consequências ainda mais danosas a agremiação penhorou um sofá.
O livro da história da Ponte Preta, de autoria de Sérgio Rossi, demonstra que o empresário recém-empossado e com histórico positivo na Liga Campineira de Futebol pensava bem diferente daquele que hoje é a principal liderança política do clube.
Na página 159 do sétimo volume da obra de Sérgio Rossi, o então presidente recém empossado proferiu as seguintes palavras. “”(…) o senhor presidente foi aplaudido entusiasticamente e agradeceu o apoio, falando que é um dirigente sem alas e que só pensa no clube. E citou: não podemos mais pensar em Ponte Preta pequena, ela é grande, muito grande (…)”.
A grande revelação está em um trecho de uma carta de autoria do próprio Carnielli e que foi lida em reunião do Conselho Deliberativo logo após a conquista do acesso na Série B de 1997. A íntegra do texto está na página 201 do livro de autoria de Sérgio Rossi, mas um trecho chama demais a atenção. “(…) Até onde pode chegar a nossa querida Macaca!? A época de fazer esporte por mero diletantismo já de há muito se acabou. A ninguém, na atual conjuntura econômica é dado o direito de individualmente, ou assessorado por um pequeno número de pessoas dirigir qualquer entidade futebolística. Acreditamos que terminada está a fase do presidente-ditador, daquele que particularmente investiu dentro da agremiação e por isso mesmo, dirigia a sua maneira, sem se importar com as opiniões contrárias (…)”, escreveu o empresário.
Após enfatizar a necessidade de investimento de uma equipe gabaritada para tocar o departamento de futebol, o atual presidente de honra tocou novamente na necessidade de uma gestão democrática. “(…) Como já dissemos, o dirigente ditador não terá mais lugar Somente com investimento maciço de grande número de interessados, cujos interesses tendem ultrapassar o meramente da paixão, é que se poderá fazer futebol neste país(…)”, escreveu naquela época a importância da Macaca transformar-se em empresa.
Esta carta e suas respectivas declarações foram realizadas há 21 anos. Hoje, Sérgio Carnielli é acusado por oposicionistas e por parte da torcida pelos mesmos conceitos que ele atacou no passado. O que ele pensa a respeito disso? Se um dia ele estiver com vontade de falar, certamente ficaremos todos de ouvidos bem atentos.
(artigo de autoria de Elias Aredes Junior)