Falta de diálogo, empatia aos contrários e de respostas : os pecados do grupo de Sérgio Carnielli em relação a nova Arena

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O placar de 106 votos favoráveis a construção da Arena às margens da rodovia Anhanguera podem passar uma impressão de que o projeto é liquido e certo. Ou seja, o Moisés Lucarelli em breve fará parte do passado.

Calma lá.

A proposta ainda encontra resistência dentro de uma parte nada desprezível da torcida. Não adianta pensar que a concessão de um cheque em branco por parte do Conselho Deliberativo fará com que a assembleia de sócios seja uma correia de transmissão automática.

Especialmente porque Sérgio Carnielli e seu grupo político se comunicam mal. Pior: tem dissidentes por toda parte. Podem colher agora o dissabor por anos e anos de rompimentos e ausência de diálogo.

Nomes como Gustavo Válio, José Armando Abdalla Junior, Marco Antonio Eberlim, Márcio Della Volpe, Nivaldo Baldo, Pedro Antonio Chaib e Miguel Di Ciurcio podem muito bem conduzir um processo de desconstrução da proposta junto ao associado. Lógico, se desejarem.

Argumentos não faltam.

Exemplo: se a proposta for aprovada um dia o Centro de Treinamento do Jardim Eulina não será mais utilizado. A CBF estipula que o time não pode treinar no local em que joga.

Pergunta: onde serão os treinamentos? Não adianta falar das maravilhas se não há local determinado para o periodo de transição. Euroamérica? O mesmo local que alaga em períodos de chuva? Têm certeza que realmente é o local adequado? Pense bem.

Não há como ignorar o fato de que quando se diz no Conselho Deliberativo que a maioria dos torcedores virão ao novo estádio de ônibus ou transporte de aplicativo a fuga da realidade é notória.

Gente mais acostumada as salas com ar condicionado do que a luta do dia a dia de um simples trabalhador. Ou alguém acha que é barato pegar um Uber do Dic até o Jardim Eulina? Ou que não vai se gastar mais tempo com ônibus do que  agora, em que basta descer no centro e ir a pé ao majestoso? E sem querer ofender: é muito fácil para quem ganha mais de 30 ou 40 salários minimos dizer aquilo que que um pontepretano com dois ou três salários minimos deve fazer. Falta empatia.

Outra: existem alguns conceitos sem nexo.

O Atlético Mineiro querer um estádio particular é coerente. Hoje paga aluguel para atuar no Mineirão e no estádio Independência? Agora, a duvida: porque o Vasco, que tem o estádio de São Januário inaugurado em 27 de abril de 1927 decidiu utilizar o fundo imobiliário da W Torre para reforçar a sua praça esportiva e a Ponte Preta vai abrir do seu local de jogos inaugurado em 1948? Algum apressado pode dizer que a manutenção do Majestoso não foi bem feita em boa parte dos anos? Então a solução é essa? Colocar tudo abaixo? E pior: não ouvir argumentos contrários seja de conselheiros, da imprensa ou da torcida?

Sejamos sinceros: se Sérgio Carnielli e seu grupo querem convencer a opinião pública de que o novo estádio é necessário não será com atitudes que variam do silêncio a falta de comunicação.

Democracia se faz na prática.

Principalmente disposição em ouvir os contrários. Sejam eles na imprensa, Conselho Deliberativo, Assembleia de Sócios ou na própria torcida.

(Elias Aredes Junior)