Quando as autoridades paulistas anunciaram que o dérbi seria com torcida única, os defensores da tese soltaram fogos de artificio. Para eles, estavam resolvidos os problemas decorrentes da violência nos estádios e as torcidas organizadas seriam enquadradas. Na primeira parte do clássico campineiro, todos viram as consequências: um torcedor bugrino foi assassinato e o terror ficou espalhado.. Pouco adiantou uma “paz de cemitério” prevalecer nos 90 minutos do Moisés Lucarelli. O estrago estava feito.
A torcida única prevalecia como solução de todas as panaceias. Não adiantava profissionais de imprensa ou sociólogos que estudam o tema defenderem uma solução negociada e com viés de ponderação. Expurga-se a torcida visitante e ponto final.
Eis que a final da Copa Libertadores atira em nossa cara a violência reinante no futebol sul-americano e o quanto a medida da torcida única é algo manco, sem sentido e embasamento.
O ônibus passou pela torcida do River Plate totalmente desprotegido. Atletas feridos e clima de terror..
Seja em Buenos Aires, São Paulo ou Brasil a torcida única é um paliativo para esconder do público a incompetência das autoridades em gerir e administrar a segurança de um time de futebol.
Se tal quadro fosse balela, como explicar então que o clássico grenal conta com torcida visitante e um setor reservado as duas torcidas? Tem casos de violência? Sim. O direito é reservado aos torcedores.
Compreendo e sou solidário a todos aqueles que perderam entes queridos em atos de violência no futebol. Respeito quem viveu tal atrocidade e que imagina como saída a extinção das torcidas organizadas. Repito: respeito e entendo a dor e a revolta. Mas não podemos descartar que as formulas fáceis apenas escondem a falência do sistema de segurança pública. Recusamos a ver conceito tão óbvio no dérbi campineiro. As trapalhadas na final da Copa Libertadores colocou tudo no seu devido lugar.
(análise feita por Elias Aredes Junior)