A reunião extraordinária do Conselho Deliberativo da Ponte Preta, realizado no último dia 16, teve um cardápio interessante para quem acompanha os bastidores do clube. O presidente da Diretoria Executiva, Marco Antonio Eberlin, detalhou o andamento das negociação da Libra com o Fundo de Investimento Árabe, o que a Ponte Preta pode receber em médio e longo prazo. De quebra, o mandatário fez um detalhamento da divida que hoje encontra-se na casa de R$ 270 milhões.
Evidente que o mandatário tem um trunfo na manga. Ao buscar reduzir as despesas, evidente que ganha boa vontade da maioria dos conselheiros. Que ninguém se engane: a manutenção a ferro e a fogo do técnico Felipe Moreira também tem esse componente. O último balanço financeiro traz também uma diminuição significativa do déficit em relação a anos anteriores. Tudo certo.
Ninguém pode discordar sobre a existência do diagnóstico. Todo mundo sabe a doença e como ela se alastra no corpo pontepretano. O que situação e oposição não conseguem responder é uma única pergunta: como será feito o tratamento?
Quando o paciente terá alta?
Qual a saída para tirar a Macaca de um estado pré falimentar com o seu principal patrimônio, o estádio Moisés Lucarelli penhorado pela Justiça?
O que ninguém respondeu até hoje, seja os comandantes do Conselho Deliberativo ou da Diretoria Executiva é se existe uma perspectiva de instalação de um plano de pagamento para esses débitos. Quando eles serão implementados, o que será feito, quando e de que maneira a Alvinegra poderá caminhar para uma situação saudável em termos financeiros.O que temos hoje é um tratamento paliativo para evitar a perda total da instituição. É louvável, mas é pouco.
Sim, eu sei que é uma temeridade fazer qualquer tipo de comparação, mas falta aquilo que executou o Flamengo sob o comando da gestão de Eduardo Bandeira de Mello. Instituiu um plano de redução de despesas, negociou contratos, reduziu débitos, abortou qualquer tipo de loucura e apostou em um plano de médio e longo prazo.
Alguns podem dizer que o plano está em andamento. Certo. Mas existe um plano? Se existe, quando ele será divulgado? Se não é divulgado, quais os motivos? Ou a Ponte Preta será condenada a enxugar gelo para a eternidade? Repito: se existe algum método em andamento ele precisa ser melhor comunicado a imprensa de modo calmo, democrático, cordato e didático. Uma missão que está a cargo tanto para o presidente Marco Antonio Eberlin e do diretor financeiro Gustavo Valio.
Ah! Colaborar para o saneamento de finanças não é necessário apenas dinheiro. Criatividade, força política e econômica, capacidade de negociação e influência são atributos desejaveis. Futebol é negócio. E no mundo corporativo, às vezes, um quadro capacitado vale muito mais que alguém cheio de dinheiro.
Este artigo é apenas para dizer o obvio: existe um longo caminho para uma Ponte Preta saneada e forte. E sem esse reconhecimento qualquer avanço ficará díficil.
(Elias Aredes Junior com foto de Diego Almeida-Pontepress)