Futebol arte ou de resultado? A escolha (errada!) que nos levou ao fundo do poço. Por Jota Jorge

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Amigo do esporte, 

É muito comum vivermos na eterna discussão  do que é melhor: ” futebol bonito ou de resultado “? Para o torcedor de hoje, que não viu o verdadeiro futebol, o resultado é o que importa.

Pode jogar mal, pode chutar uma bola só em gol. Se ela entrar é 1 a 0. A vitória é o que interessa. O time dá a bola para o adversário e fica lá atrás só esperando pra dar o  boite.
É o esquema da maioria dos treinadores de hoje.
O medo de perder o emprego aliado a escassez de talentos faz com que esse modelo tático seja predominante em nosso futebol.
Se antes tínhamos esquemas simples como o WM criado pelo inglês Herbert Chapman em 1925 no comando do Arsenal, ou o 4-2-4 criado por Martim Francisco em 1951 no Vila Nova de Nova Lima e até o 4-3-3 utilizado por Rinus Michels na Holanda de 1974, é porque tínhamos grandes jogadores, craques aos borbotões.
No WM,  três defensores, dois laterais, um volante e um meia e três atacantes. No 4-2-4, dois zagueiros, dois laterais, um volante e um meia, dois pontas abertos, um ponta de lança ( Pelé foi ponta de lança ) e um centro avante.
No 4-3-3, dois zagueiros, dois laterais, dois volantes, um meia e três atacantes com dois pontas e o centro avante.  Esquemas simples de um futebol ofensivo, bonito que contava com grandes monstros de nosso futebol.
Hoje, pela escassez de grandes jogadores ( qual é o craque do futebol brasileiro hoje ? Não me falem em  Neymar, hein? ), houve a necessidade de adaptações de esquemas. E virou um festival de números.
É um tal de 4-2-3-1, 4-3-2-1. 4-1-4-1, enfim, uma combinação maluca de números que não leva a nada. Ninguém em sã consciência, segue a risca um plano tático.
Circunstâncias de jogo não permitem que haja um esquema definido. E é aí que muitos treinadores se perdem. Às vezes, ele não tem material  humano para mudar a maneira de jogar. Outras vezes ele não consegue fazer a leitura exata do momento do jogo.
Enfim, infelizmente o que importa hoje é o resultado. Abriu-se mão do espetáculo, do talento em prol do futebol pragmático, de força física, de aplicação tática.
Eu costumo dizer que o verdadeiro futebol acabou em 5 de julho de 1982 em Barcelona no Estádio Sarriá, quando perdemos para a Itália por 3×2 no único jogo de futebol que me fez chorar.
Tivéssemos ganho aquela Copa, e até hoje com certeza teríamos um futebol vibrante, maravilhoso.
Temos que nos contentar com o que vemos hoje. Um bando de treinadores apavorados com a possibilidade de perder o emprego, com honrosas exceções: Fernando Diniz e Jorge Sampaoli.
O restante são cópias uns dos outros sem qualquer ousadia ou iniciativa. Para esses treinadores: ” Passar Bem ” !!!!
(artigo de autoria de Jota Jorge-Escreve às terças no Só Dérbi)