Estava em Campinas quando publiquei a matéria do Guarani sobre o interesse em Gilson Kleina. Quando estourou a noticia de sua recusa, estava em trânsito. Imprevistos desta vida de jornalista.
Penso que vale uma reflexão, ainda que tardia. Vamos nos colocar no lugar de Kleina e de sua familia. Ele é um treinador com passagens em grandes clubes e times competitivos de séries A e B. Como é um cara consciente, tenho certeza de já conseguiu trilhar um caminho no mundo da bola e assegurar tranquilidade financeira e profissional. Não digo que pode escolher a agremiação que vai trabalhar, mas certamente tem um nome a zelar.
Vamos reconstruir o cenário. Ele recebe uma proposta salarial vantajosa (de R$ 180 mil mensais) e ate bônus em caso do time escapar do rebaixamento. Á primeira vista, tudo lindo.
Só que o recheio não é agradável. O clube em questão é rival de um ex-empregador em que ele teve conquistas. A infra-estrutura do pretendente é precária, a condição técnica dos jogadores é mediana, mas o estado emocional é deplorável.
Acrescente nesta receita uma guerra política violenta, em que situação e oposição pensam mais em satisfazer suas próprias vontades do que a da agremiação e um departamento de futebol profissional que sequer tem comandante, pois os antigos ocupantes foram todos desligados.
Agora coloque-se no lugar de qualquer familiar de Gilson Kleina. O futebol já é uma atividade insegura por natureza. Você aprovaria ver o seu ente querido arriscar a sua pele? Antes de contratar um novo treinador, o Guarani precisa olhar-se no espelho e corrigir aquilo que está errado. A torcida aplaudiria. De pé.
(Elias Aredes Junior)