No dia 11 março, o Guarani irá realizar a sua eleição para escolha dos componentes do Conselho Deliberativo. Os 80 eleitos terão direito a um mandato de três anos e vão influir nos destinos da próxima eleição do Conselho de Administração. O que poucos sabem é que esta eleição está carregada de simbolismos. Após conversar com diversas pessoas envolvidas diretamente ou indiretamente no processo, este colunista do Só Dérbi traçará um quadro daquilo que poderá sair do processo eleitoral. O sistema é o de lista fechada. Ou seja, cada chapa apresenta os seus candidatos em ordem de importância e dependendo do numero de votos, os escolhidos são designados. Exemplo: uma chapa apresenta 100 nomes, mas recebe um número de votos para eleger 10 pessoas. Ou seja, apenas os 10 primeiros da lista indicada pela chapa serão escolhidos.
É um sistema que deveria privilegiar o debate de ideias. Como no Guarani tudo é imprevisível tudo ficou resumidos em slogans e frases feitas que serão destrinchadas a partir de agora.
Horley Senna: o desejo do retorno e a luta contra a rejeição
A Chapa “Hoje e Sempre Guarani” tem como protagonista o ex-presidente Horley Senna. Após distanciar-se de Palmeron Mendes Filho, o ex-dirigente estreitou relacionamento com o conselheiro e empresário de futebol Nenê Zini e o seu pai Beto Zini. A priori tem dois trunfos para influenciar o voto dos conselheiros: o primeiro é que sua gestão foi do primeiro ao ultimo dia, apesar de ter sido tampão do ex-presidente Álvaro Negrão.
Além disso, o ex-dirigente conseguiu o acesso na Série C de 2016 em que o comando do futebol estava a cargo do executivo de Futebol Rodrigo Pastana, hoje no Coritiba. Hoje, apresentará ao eleitor bugrino uma tábua de segurança, que é a ligação com Nenê Zini, que garantiria uma fiscalização mais precisa dos feitos no futebol.
Caso consiga a maioria no Conselho Deliberativo, Horley Senna abriria caminho para o retorno de seu grupo ao Conselho de Administração e teria ainda o respaldo da família Zini para ajudar no comando do futebol. Existe um telhado de vidro: a facilidade para fazer inimigos políticos. Começou com Álvaro Negrão, quando da diretoria executiva para terminar o mandato iniciado por Leonel Martins de Oliveira, substituido depois por Marcelo Mingone, que também renunciou. Também tem como desafetos os empresários Odair Paes Junior, candidato oposicionista em 2017 e Felipe Rosseli, também com relações políticas abaladas com Horley Senna.
Nova Jornada: a tábua de salvação para Palmeron
É nesse vácuo que surge a Chapa “Nova Jornada”, cujo maior entusiasta é o atual presidente Palmeron Mendes Filho. No começo das negociações políticas, a sua situação era delicada. A reportagem do Só Dérbi apurou que a avaliações até de aliados é que ele encontrava-se isolado no Conselho Deliberativo e no quadro de associados. O motivo seria a condução errática em relação ao processo de terceirização do departamento de futebol.
Nos estertores para a formação da chapa, no dia 26 de janeiro, Palmeron Mendes Filho conseguiu costurar um acordo político para incluir na chapa nomes ligados a Felipe Rosselli, Álvaro Negrão e Odair Paes Junior. Apesar das discordâncias políticas em relação ao atual presidente, a informação é que todos resolveram se unir em torno de um único objetivo: evitar que Horley Senna retome o controle político do Conselho Deliberativo e posteriormente administrativo do Guarani.
Se fosse uma eleição majoritária para prefeito, governador e presidente, o Guarani vive atualmente um clima de segundo turno e cuja meta de várias integrantes da chapa “Nova Jornada” não é escolher o melhor e sim evitar o mal maior. Para atrair o eleitorado para uma plataforma eleitoral mais robusta, o presidente Palmeron Mendes chegou enviar mensagens para conselheiros e associados para assegurar investimentos no clube social. Uma tentativa de amenizar uma rejeição presente no cotidiano do clube e nas redes sociais.
Renova: mudança de métodos como plataforma política
Enquanto os grupos de Horley Senna e Palmeron Mendes se engalfinham pelo poder, uma chapa corre por fora e aposta que chegou a hora de colher os frutos positivos e cujo prêmio seria uma votação consagradora e a formação da maioria no Conselho Deliberativo.
O Renova é um grupo de jovens torcedores do Guarani, a maioria profissionais liberais e que tem como proposta principal a profissionalização do Guarani e o estabelecimento de relações transparentes. Em contato com a reportagem, um integrante do Renova assegurou que, mesmo em caso de vitória e formação de maioria do Conselho não há a mínima possibilidade de realização de qualquer conchavo ou acordo político com os outros grupos políticos concorrentes.
Para este grupo, com vários trabalhos voluntários no Guarani, foi este verdadeiro toma lá dá cá existente nos últimos anos que deixou Guarani neste estado deplorável. “Nós jamais nos comporemos com quem quer que seja pra montar um grupo para o Conselho Deliberativo ou Conselho de Adminstração.. E a gente quer, sim, no momento certo, fazer a diferença. Levar o Guarani a um patamar de decência administrativa, e deixar pra trás essa casa da mãe Joana em que imperam as conversas fiadas, o ataque pessoal e a completa falta de capacidade de gestão”, assegurou o integrante do Renova.
Quem detiver a maioria do Conselho Deliberativo certamente terá maior poder de influência na definição da escolha ou não de um parceiro para o processo de cogestão do Guarani e pavimenta o futuro em relação a escolha dos próximos integrantes do Conselho de Administração.
Se os homens de Osmar Loss estarão diante da missão de realizarem uma boa campanha no Paulistão, os eleitores bugrinos podem definir o futuro da agremiação para os próximos cinco ou 10 anos. Não é pouca coisa.
(análise, texto e reportagem: Elias Aredes Junior)