A Rede Globo de Televisão tem uma programação consagrada. Até seus críticos mais ferozes reconhecem. E o melhor é o que público já sabe de antemão o que vai encontrar.
Se você sintonizar por volta das 15h ou 16h o cardápio reserva a “Sessão da Tarde”. Ali, filmes são reprisados ou alguns inéditos de qualidade duvidosa.
Para quem quer relaxar no sofá na segunda-feira à noite, a dica ´é “Tela Quente”, com blockbusters e filmes que com certeza serão um sucesso de audiência e com qualidade. Pois ao estipular o ingresso avulso a R$ 80 o Guarani quer vender a sua “Sessão da Tarde” como se fosse uma “Tela Quente”.
Do aspecto econômico nem vamos esticar a corda. É um absurdo e na prática retira o bugrino pobre do estádio Brinco de Ouro.
Como dizem que futebol é comércio, vamos imaginar que o valor fosse aceito. Pergunta: o que o Guarani concede em troca? Um elenco qualitativo, com alta produtividade e atletas com alto poder de decisão? Jogadores com capacidade de arrastar multidões como o próprio clube teve no passado com Djalminha, Amoroso, Luizão e Fumagalli? Nada disso.
É um time lutador, batalhador, mas com dois ou três jogadores de boa capacidade técnica, muitos medianos e alguns de alguma limitação técnica irritante em algumas oportunidade. Que teve lampejos na Série B. Mas nada que justifique até o torcedor abonado abrir a carteira e gastar 80 mangos.
Imagine pagar essa bagatela para ver as falhas dos zagueiros ou do goleiro; ou assistir a tonelada de oportunidades desperdiçadas durante o jogo. Repito a pergunta: vale a pena. Palmeiras, Flamengo e até Corinthians vão cobrar valores altos. Lamentável. Mas pelo menos o torcedor dessas equipes recebem em troca elencos de qualidade compatível com as necessidades do futebol brasileiro. E no Guarani?
Ninguém aqui quer depreciar os jogadores e a comissão técnica. São pessoas valorosas, lutadoras e já exibiram um futebol acima da qualidade técnica da divisão.
No entanto, o valor de R$ 80 é desproporcional. Primeiro porque tira o pobre do estádio. Em segundo lugar porque este é o momento de se formar a melhor atmosfera possível nas arquibancadas e ajudar na luta pelo G-4. O ingresso a R$ 80 tira o torcedor do estádio, nunca vai incluí-lo.
Para arrematar: em determinados momentos, é o clube, a instituição que precisa retribuir ao torcedor. Até para que o distanciamento não aumente e em médio prazo deixe de produzir interesse e comoção. Assim como um filme de Sessão da Tarde.
(Elias Aredes Junior com foto de Valter Campanato-Agência Brasil)
Sobre a questão econômica do ingresso coloco o comentário feito nesta terça-feira na Rádio Brasil: