Guarani e nova arena: na ampliação de um estacionamento, o simbolo de um espaço para poucos. Leia e reflita!

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Detalhes explicam conceitos complexos. Em algumas oportunidades não conseguimos decifra-los. Tal demora no raciocínio lógico abre espaço para vacilos. Relembre o projeto da nova Arena do Guarani e que tem previsão de construção as margens da Rodovia dos Bandeirantes.

Quando a principal novidade do empreendimento é a ampliação do número de vagas em estacionamentos (de 500 para 2.000) você devia parar para pensar. É uma mensagem, mesmo que indireta, de que a elitização pode desembarcar no Guarani. E será recebida de braços abertos.

Antes de alguns vociferarem palavrões na direção do colunista, cabe um adendo. Ninguém precisa me dizer que Campinas tem uma frota acima de um milhão de veículos. E que muitos dos proprietários desses carros são pessoas das classes C. Ou por vezes da D e E. E que podem muito bem utilizar os automóveis nos dias de jogos.

Mas não é disso que estamos falando. Falo de prioridades estabelecidas.

Quando anuncia com toda a pompa sobre a ampliação de vagas de estacionamento e não enfatiza o investimento que será feito em transporte público existe uma mensagem clara. Deixar de esclarecer como a base popular será atendida no novo equipamento demonstra que isso não tem esse requisito como prioridade. Ou vai fazer aquilo que é possivel. Para depois dizer “é o que temos para o momento”.

Não é arroubo populista. É analisar com profundidade se um projeto que promete mudar o patamar histórico do Guarani vai abraçar todos os públicos, independente do tamanho do seu bolso.

Tem bugrino com carro? Tem. Mas tem muito bugrino que só utiliza ônibus. Sem possibilidades de pegar carona ou de pagar por um táxi ou aplicativo. Vivem com dinheiro contado. Não são poucos.

De acordo com dados da Emdec, 204 mil pessoas utilizam diariamente o transporte público de Campinas. Alguém tem dúvida de que muitos passam pela catraca levam o Guarani no peito?

A esse torcedor parece que restará apenas a sintonia do rádio na internet ou no aparelho movido a pilha.

Uma pena.

No Guarani, querem deixar o futebol sendo propriedade de poucos. Pode ser um pensamento equivocado? Então que demonstrem de modo cabal. Caso contrário, a elitização é logo ali.

(Elias Aredes Junior- foto de Letícia Martins-Guarani F.C- 10 de fevereiro de 2019)