O Guarani poderá terminar a 38ª rodada na zona de classificação da Série B do Campeonato Braisleiro. Poderá fazer a sua torcida entrar em êxtase e sentir o gosto de voltar a disputar a divisão de elite após 12 anos. Ou poderá produzir um nova decepção ao final da competição e adiar uma comemoração presa na garganta do torcedor bugrino.
Se um dos cenários acontecer dá para apostar com certeza que algumas frases clichês serão formuladas.
A primeira é que se o acesso virar realidade, a conquista poderia ser obtida com maior facilidade. Ou dá para esquecer as derrotas para Vila Nova e Confiança no Brinco de Ouro, times inferiores tecnicamente? E as falhas dos goleiros?
Ou os pontos perdidos para Sampaio Correa e Vitória. Nestas ocasiões, não teve erro de arbitragem, tramas de bastidores ou um lance do acaso?
O time jogou mal. Muito mal. Se tivesse vencido CRB e Confiança, só para ficar somente nestes exemplos, o Guarani estaria hoje com 58 pontos e dentro do G4.
Ou seja, a segunda não seria utilizada para reclamar da arbitragem porque o time não entrou no G4 e sim porque deixou de lutar pela liderança do campeonato.
É uma diferença brutal, abissal de cenário. E quem gerou esta diferença de cenário não foi árbitro ou ausencia de VAR e sim foi o próprio Guarani. Querer agigantar o erro é acobertar a tonelada de erros da equipe. E que devido ao nível técnico do campeonato, que é baixo, pode levar o time ao acesso aos trancos e barrancos.
E se der errado?
Aí todo mundo vai lembrar dos jogos perdidos, das atuações ruins, dos erros de arbitragem. Tudo entrará no combo de maneira irracional. Pessoas serão crucificadas e as limitações de estrutura serão ignoradas. Hoje, a alienação pede que tudo isso seja esquecido em nome de uma “corrente positiva”. Por que ignorar?
Evidente que o presidente Ricardo Moisés está correto em lutar pelos direitos do Guarani.
Mas o fato é que a conjuntura vivida no Guarani é algo recorrente no futebol brasileiro. Mesmo após 20 anos o brasileiro não aprendeu a viver e entender o que é um campeonato pontos corridos. Tudo deve ser visto sob o olhar do longo prazo. Fora disso, é deixar tudo pela metade. E vender ao público uma narrativa incompleta.
(Elias Aredes Junior-com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)