Após o empate por 0 a 0 com o Juventus e uma nova decepção na Série A-2 do Campeonato Paulista acompanhei com atenção as entrevistas concedidas pelos jogadores do Guarani ainda no gramado do Estádio Brinco de Ouro. O discurso era uma mistura de apatia, resignação e lampejos de revolta, como do goleiro Pegorari, inconformado com os apupos da torcida. “Se você ganha é o melhor. Perde, escuta isso”, reclamou.
O camisa 10 Fumagalli por sua vez, chamou atenção para o comportamento de alguns companheiros que consideraram a vitória como algo produzido por força divina e não por esforço e dedicação. “Faltou mais ambição, vontade de ganhar o jogo. Achamos que as coisas aconteceriam na hora que a gente quisesse. E futebol não é assim, tem que persistir. Achou que as coisas iam cair do céu, e não caíram”, disparou.
Ao conversar com os jornalistas, o técnico Pintado não deixou de reclamar da árbitragem confusa de Márcio Roberto Soares e emitir o discurso mecânico de que era preciso acreditar e buscar uma redenção nos três jogos finais.
Sei que é algo subjetivo, mas a impressão que é transmitida ao grande público é que cada novo tropeço do Guarani as respostas dos jogadores e da comissão técnica, salvo uma ou outra exceção, são transmitidas de modo mecânico, automático e sem qualquer emoção ou noção do que está em jogo. O Guarani está dentro ou fora do G8 de corpo presente. A alma está perdida em algum gramado.
Sim, porque uma eliminação precoce na fase inicial ou uma qualificação e fim do sonho do acesso no mata-mata trará consequências inimagináveis, como a impossibilidade de contar com uma cota relevante para a disputa do Paulistão de 2017 e a instalação de um clima de baixo astral capaz de interferir no rendimento para a Série C programada para o segundo semestre.
Mais do que jogar bom futebol, estabelecer uma escalação estável e bancar um sistema tático forte e robusto, a missão de Pintado e dos jogadores bugrinos é evitar a aparição de um espirito de apatia, derrotista, capaz de considerar normal qualquer resultado.
Os confrontos contra Independente, Atlético Sorocaba e Barretos tem que se transformar em finais de Copa do Mundo. Espirito guerreirro e adrenalina em alta potência. Baixar a guarda é o contorno de um contorno sem precedentes na história bugrina.
(análise de autoria de Elias Aredes Junior – Foto de Rodrigo Villlalba-Memory Press)