Na semana passada, a CBF promoveu uma mudança no seu estatuto e que dá poder de voto aos clubes da Série B na escolha do presidente da entidade. Sim, a manobra foi deplorável. Para quem está na segundona o voto terá peso 1, abaixo das agremiações da divisão de elite (peso 2) e também das federações (peso 3).
O fato em si deveria servir de alertar ao Guarani. O torcedor bugrino quer porque quer a classificação as semifinais da Série A-2. Quer reviver o gosto de atuar contra Santos, São Paulo, Corinthians e Palmeiras. Justo. Mas pela atual conjuntura do futebol nacional eu reforço meu argumento: ficar fora da decisão da Série A-2 terá um dano muito menor em comparação se acontecer uma queda para terceirona nacional.
Graças ao Estatuto do Torcedor e ao próprio regimento da CBF, temos duas categorias de clubes no Brasil. Quem está nas Séries A e B tem projeção na mídia, participação e influência nas decisões da CBF e acesso a recursos para sobrevivência. Já os clubes integrantes das Séries C e D convivem com uma competição deficitária de projeção decepcionante nos meios de comunicação e com parcos recursos, na dependência de patrocínios ou de mecenas. Cotas de televisão? Se existirem são bem baixas.
Pense: neste ano, o Guarani terá R$ 4,1 milhões para jogar a partir de maio. A última vez que teve quantia relevante foi no Campeonato Paulista de 2013! O Guarani passou três temporadas e meia (disputou a Série C de 2013) submetido a favores de mecenas, manobras contábis e cotas miseráveis. A qualidade do time foi um reflexo deste quadro de carestia.
Vem o empresário Roberto Graziano, incentiva a nomeação de Rodrigo Pastana, investe uma quantia considerável no departamento de futebol –alguns dizem em torno de R$ 8 milhões de maio a novembro – e consegue o acesso. O Guarani está entre o grupo de 40 times do futebol brasileiro com nome, sobrenome e dignidade.
Apesar dos vícios na operação, as mudanças na eleição na CBF deveriam servir para algo básico no Guarani: a determinação de arranjar, no mínimo, 46 pontos de maio a novembro e sacramentar a sua volta ao painel do futebol brasileiro. Série A-2? Desistir jamais. Mas jamais esquecer da consequência nefasta que seria fracassar em âmbito nacional.
(análise feita por Elias Aredes Junior)