Ao entrar em campo para enfrentar o Velo Clube, em Rio Claro, neste sábado, á partir das 10 horas, na casa do adversário, o Guarani viverá um momento histórico, pois completará 100 anos de uso do uniforme verde em competições oficiais e amistosos. Na ocasião, no dia 13 de fevereiro de 1916, o Alviverde enfrentou a Ponte Preta e venceu por 2 a 0.
Para chegar ao uniforme atual, um longo trajeto foi percorrido. Quando foi fundado em 1911, a decisão dos primeiros participantes foi pela cor branca para simbolizar a luz do dia e o verde para simbolizar o gramado. Seis meses depois, em 11 de outubro, foi aprovado o primeiro uniforme, que era de camisa branca com colarinho e punhos verdes, assim como a gravata; calça branca com filete verde nas bordas enquanto o complemento era com cinto e meias verdes. “A primeira (camisa), branca, era para ser feita por cada jogador. Como não faziam, foi comprado um jogo branco com golas e punhos verdes. Em seguida, o pai de um fundador trouxe da Itália um jogo de camisas listradas, que durou uns dois anos”, afirmou Fernando Pereira, um dos especialistas da história do clube e que revela uma saga para se chegar ao uniforme atual. “Compraram outro jogo listrado, em São Paulo, que durou de 1914 a 1915. Só então encontraram um jogo verde inteiro”, disse Pereira, que ressaltou o pioneirismo de usar o verde. “Era raríssimo encontrar times verde-branco. O Guarani é o mais antigo que sobrou”, completou.
Idas e vindas
Segundo Pereira, ainda um pequeno percurso foi percorrido antes do verde transformar-se em uniforme oficial. “O Guarani usou de 1918 a 1920 camisa verde com uma faixa branca na altura do peito. Em 1923 era totalmente verde. Voltou a usar como primeiro uniforme camisas brancas de 1924 a 1929, e em 1930 voltou a usar verde, já com golas e punhos brancos”, arrematou.
Uniforme e rivalidade
O historiador conta ainda que o jogo inaugural do uniforme tem outro fundo histórico e sentimental para o torcedor
bugrino. Segundo ele, Pompeo de Vito, um dos fundadores do clube, defendia que o primeiro dérbi terminou empatado por 1 a 1. Os pontepretanos dizem que o jogo terminou com vitória da Ponte Preta e o resultado é cercado de controvérsia até os dias atuais. “Se houve empate naquela primeira partida, como Pompeo de Vito afirmava, o Guarani assumia ali (ao ganhar o dérbi de 1916 com camisa verde) a vantagem no retrospecto (foi sua 3ª vitória, contra duas da adversária e um empate) e nunca mais perdeu essa vantagem”, disse Pereira. O retrospecto atual mostra que em 190 jogos são 66 vitórias do Guarani; 62 empates e 61 triunfos da Macaca. O clássico é o mais antigo do estado de São Paulo.
Diante de todos os fatos, não há como negar: o uniforme verde é a alma e o coração do Guarani.
(texto e reportagem: Elias Aredes Junior)