Cansamos de enumerar os erros de conduta e de trato com a opinião pública do presidente pontepretano Vanderlei Pereira. Que tal procedimento viabiliza uma arena de massacre em direção ao gerente de futebol Gustavo Bueno e também ao técnico de plantão, seja quem for.
Tal cenário não pode esconder, entretanto, os inúmeros equívocos e problemas verificados na gestão de Bueno na Macaca.
Os defensores podem aparecer e citar os acertos de contratações. Duro é constatar a tonelada de erros cometidos. Gustavo Bueno abusou do direito de quebrar a cara. Colaborou e muito para o atual estado de coisas no futebol da Ponte Preta.
Vou citar três casos. Poderia desvendar outros, mas estes são suficientes para demonstrar o caminho equivocado adotado pelo gerente de futebol.
O inicial atende pelo nome de lateral-esquerda. João Lucas e Fernandinho foram uma tremenda decepção. Danilo Barcelos parece querer acertar. Ótima notícia, especialmente se levarmos em conta que o único lampejo de tranquilidade na posição durante o ano foi com um jogador improvisado, Reinaldo, oriundo das categorias de base.
A competição com os gigantes é desleal? Concordo. Só que faltou a Gustavo e a sua equipe a sagacidade de detectar jovens valores que pudessem ser trabalhados. Gente que atuasse em clubes médios e pequenos do futebol gaúcho, Minas Gerais e até do Rio de Janeiro.
E em São Paulo? Esqueça. Os poucos valores disponíveis tem uma vitrine gigante, pois as duas divisões são transmitidas na televisão por assinatura. A concorrência alcança níveis estratosféricos.
O que dizer então dos reforços desprezados? Falo sobre os jogadores Luis Ali e Jorge Mendoza, oriundos do continente Sul-Americano. A mecânica foi correta: contratar jogadores que atuam em países com moeda local fraca e teriam atrativos para ganhar em reais.
A parte inicial do plano foi cumprida com maestria. E o restante? Até hoje, o torcedor pontepretano não sabe o real potencial destes atletas. O boliviano Luis Ali chegou a ser usado por alguns minutos, mas ficou mais entretido em treinamentos em Campinas que lhe servissem de suporte para a Seleção do seu país.
O volante argentino, nem isso. Não é usado, escalado, cogitado e no fundo é dinheiro jogado fora. Como deixar de culpar Gustavo Bueno por tamanho vacilo? Impossível. Se ele não viu o jogador ao vivo antes de contratar equivocou-se ao agarrar-se as referências; se conferiu in loco, o erro foi não ter insistido com a comissão técnica anterior para testar alternativas de utilização do atleta.
Apontar as falhas de gestão de Gustavo Bueno não apaga um equívoco existente na comunidade pontepretana. Tem uma ala que culpa exclusivamente Gustavo Bueno por todos os males e a situação vivida dentro da Ponte Preta. Existe outra ala que culpa apenas e tão somente o presidente de honra Sérgio Carnielli e o presidente Vanderlei Pereira, além do diretor de futebol, Hélio Kazuo.
Nem uma coisa e nem outra. Todos são culpados. Gustavo Bueno por errar tanto em contratações e demorar a tomar as medidas necessárias para a obtenção de bom rendimento. E os dirigentes por permitirem debaixo de seus olhos tantos equívocos e não mexerem um dedo sequer.
Nesta história de terror vivida pela torcida da Ponte Preta no Campeonato Brasileiro algo dá para ter certeza: não existem mocinhos.
(análise feita por Elias Aredes Junior)