Infectologista reafirma necessidade de paralisação do futebol. E uma reflexão: como continuar sem conceder nada em troca?

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Com o crescimento do número de casos de Covid e o colapso nos hospitais volta a baila a possibilidade de interrupção dos campeonatos estaduais. Santa Catarina e Paraná puxaram a fila nos principais centros do futebol brasileiro. São Paulo está sob risco.

Para entender o quadro pedi uma avaliação da infectogista da Unicamp e integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia Rachel Stuchhi.

Ela não ficou em cima do muro. Para ela, o futebol tem que parar. “Não mudei de opinião e concordo com o Lisca. Devem parar todos os campeonatos. Estamos em colapso na saúde e com altas taxas de contaminação. Tudo que pode levar a aglomerações ou a trânsito de pessoas deve ser evitado. É um absurdo parar vários setores da economia e o futebol continuar”, analisou a infectologista. “Agora não tem bar, mas as pessoas se reúnem em chácaras ou no entorno do estádio para comemorar a vitória ou chorar a derrota”, disse.

Segundo ela, até os deslocamentos das delegações para os jogos oferecem um perigo eminente de contágio. “Não se justifica neste momento de grave crise sanitária que o futebol seja mantido. (Deveria parar e) Daqui a duas semanas se reavalia se é possível retornar”, completou.

A análise da infectologista é correta de conceito. E quem somos nós para contestar uma especialista.

Mas até aceitaria a manutenção do futebol sob algumas premissas. A principal seria a modificação dos protocolos. Deixá-lo ainda mais rígido. Surtos no Corinthians, vivido no Guarani e na Ponte Preta comprovam a necessidade de ajuste.

Pergunto: se todos sabemos que vestiários, um ambiente fechado, é um local apropriado para disseminação do vírus por que mesmo assim é usado? O que impede de se adotar o procedimento anterior, quando os jogadores saiam de casa trocados, com o uniforme do clube, participavam do treino e depois voltavam para as suas casas quando tomavam banho? O que impede?

No dia de jogo, considero que só deve estar no local quem é imprescindível: jogadores, comissões técnica, arbitragem e fiscais de Federação. Só. Emissoras de televisão? Que não se envie repórteres. Reduza-se ao máximo. Dirigentes? Que assistam em casa.

Não adianta querer continuar e não oferecer nada em troca à sociedade. O futebol não é um mundo á parte. Precisa dar sua cota de sacríficio.

(Elias Aredes Junior)