kleina, Cajá, Bob: ano eleitoral tira diretoria da Ponte Preta da letargia. Por que não aconteceu antes?

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Digo sem hesitação ou receio de errar: os retornos de Gilson Kleina, do volante Fernando Bob e a provável reentrada de Renato Cajá são ótimas notícias para a Ponte Preta. Assim como especulações sobre a reaparição de Rodinei e até de Marcelo Lomba no estádio Moisés Lucarelli não devem ser encaradas com tempero de clima soturno. Pelo contrário.

Todos os nomes enumerados tem identificação com a Macaca, o torcedor conhece e ainda de quebra podem viabilizar a construção de um cenário confortável para o ano de 2017. A saber: disputa do título paulista, avanço na Sul-Americana e um campeonato brasileiro que passe longe do rebaixamento. Ótimo. Boas sacadas. Lógico, desde que tenhamos em mente os objetivos. Uma meta. Não há como disfarçar: a diretoria pontepretana adotou uma postura tipicamente eleitoreira.

Explica-se: as eleições na Ponte Preta estão programadas para o dia 24 de novembro. Ao contrário dos anos anteriores, os dirigentes atuais admitam ou não, a oposição ganhou espaço. Fomentou assuntos na opinião pública que deixou o presidente Vanderlei Pereira, na melhor das hipóteses, em situação constrangedora.

Exemplo: a discussão sobre o aluguel da Unidade Paineiras trouxe dissabores. Para uma parte da torcida, pouco importou dizer que o local é deficitário. O que existe é incompetência da atual gestão e ponto. Logo depois, veio a operação fracassada de contratação de Luis Fabiano e a gestão decepcionante de Felipe Moreira no banco de reservas. Um conjunto de fatos que produziram impopularidade tanto para Vanderlei Pereira como ao presidente de honra, Sérgio Carnielli e aos demais integrantes da diretoria.

Em tal conjuntura, o que fazer? Para quem conhece o manual da política brasileira, a receita está na ponta da língua: um pacotão de obras e realizações na reta final de mandato, propaganda excessiva para convencimento da opinião pública e cruzar os dedos para impedir que a oposição não cative mentes e corações antes da abertura das urnas. Detalhe: não há nada ilícito na estratégia.

A atual diretoria utilizou a fórmula de maneira plena no departamento de futebol. Até por saber que do outro lado existe um oposicionista com penetração nas arquibancadas. Sim, as denúncias contra Márcio Della Volpe não podem deixar de serem apuradas. Mas por outro lado é inegável seu carisma e facilidade de diálogo com as massas. Fala aquilo que o torcedor quer ouvir para sonhar.

Do outro lado, Vanderlei Pereira é um presidente competentíssimo na parte administrativa, mas com uma impressionante falta de tato no trato com a imprensa e ausência de carisma quando tem um microfone diante de si. Como combater o adversário? Fazer com que as obras falam por si. De preferência, com taça levantada. Não se iluda: a resposta contra Horley Senna no site oficial também tem boas possibilidades de ter sido arquitetada  para recuperar terreno junto aos torcedores.

É justo? Injusto? Que cada um faça seu julgamento. Algo, no entanto, é cristalino: se Vanderlei Pereira tivesse esta postura pró-ativa durante todo o mandato poderia apostar que boa resistência da torcida não existiria. Resta saber se a avalanche de última hora cativará os corações e mentes pontepretanas.

 (análise feita por Elias Aredes Junior)