Ele foi a grande surpresa na escalação da Ponte Preta antes da partida contra o Coritiba, mas correspondeu dentro de campo. Herdando a camisa 10 de Renato Cajá, Léo Artur foi um dos protagonistas da Macaca na vitória contra o Coxa, por 4 a 0, no Majestoso, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Depois de receber um verdadeiro presente do zagueiro Edinho, marcou o primeiro gol com a camisa do clube e desabou em lágrimas.
Léo Artur é novo. Tem 22 anos e recebeu a primeira oportunidade no Corinthians em 2013 após completar maioridade. Sem espaços em um elenco recém-campeão do Mundial, rodou o interior de São Paulo com empréstimos para Guarani, Penapolense e Oeste. Mas, sua vida mudou quando foi emprestado ao Mogi Mirim em 2016.
Ele havia retornado com a família de Belém do Pará após empréstimo curto ao Paysandu. Como o elenco do Corinthians, ainda sob comando de Tite, estava fechado, foi novamente emprestado ao Mogi Mirim pela relação próxima entre as diretorias. Se mudou com a mulher e o filho de dois anos para o interior paulista, mas após quatro meses na cidade se deparou com a grande tragédia de sua vida: a morte do filho.
A mulher de Léo Artur encontrou o garoto afogado na piscina de sua casa. Desolado, voltou ao Corinthians após o Campeonato Paulista e pediu para ficar próximo aos familiares. Recebeu um mês de descanso para ficar com a esposa e depois foi emprestado ao Oeste, onde oscilou entre a titularidade e a reserva. Os amigos mais próximos da esposa são de Osasco e o Timão optou por emprestá-lo ao Audax no início de 2017.
No Audax reencontrou Fernando Diniz, amigo antigo. E agradeceu ao trabalho com o técnico ao chegar na Macaca no mês retrasado. “Com (o Fernando Diniz) eu reaprendi a jogar futebol. Deus colocou ele na minha vida e ele me ajudou bastante. Foi bastante gratificante”, disse em sua apresentação na Ponte Preta. Como sabia que não seria aproveitado no campeão Corinthians, quis mostrar seu valor na Série A e, por isso, escolheu a equipe campineira.
Após o término do primeiro tempo do jogo contra o Coritiba, explicou que o choro na comemoração foi uma forma de homenagear o filho marcando um gol em uma competição de alto nível como a Série A. “O futebol tem me ajudado a recomeçar. Preciso estar sempre com a cabeça ocupada e tenho certeza que meu filho está no céu me vendo”, disse. Léo Artur quer um recomeço na sua carreira. E quanto ao futuro ele não esconde o desejo de quase todo jogador de 22 anos: jogar no futebol europeu.
(texto e reportagem: Júlio Nascimento)