Muitos acham que SAF é a solução do futebol campineiro. Será mesmo!?

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Dinheiro

Toda crise técnica no gramado do futebol campineiro suscita uma reivindicação idêntica dos torcedores: a instalação de uma Sociedade Anônima do Futebol. Sanear as contas, planejar investimentos e vislumbrar uma melhoria de patamar em médio e longo prazo. Quem está na arquibancada acredita de que os atuais dirigentes não são capazes de conduzirem os destinos das duas agremiações. 

Na Ponte Preta, o presidente Marco Antônio Eberlin não quer se posicionar de um lado ou de outro, mas já disse em entrevistas anteriores que promete tomar providências capazes de preparar a agremiação caso os associados no futuro decida por tal metodologia. O Guarani, por sua vez, nem esconde mais a sua determinação em entregar-se às delícias e dores de ter um comando privado no Departamento Profissional de Futebol.

E os riscos? Ninguém contabiliza? Sim porque existem projetos que fracassaram e não corresponderam às expectativas. Ou que enfrentam turbulências. Ou alguém conseguiria imaginar a 777 com salários atrasados e sem conseguir quitar obrigações previstas em lei no Vasco da Gama? Pois é. Antes de viver esta momentânea lua de mel no Campeonato Brasileiro, o torcedor do Botafogo sofreu com a demora de John Textor em deixar as contas em ordem. Bahia, Red Bull Bragantino…O que não faltam são exemplos de times que vivem na gangorra da bola. Uma hora sonham com titulos e libertadores; em outras casam com o sofrimento.

No exterior brotam modelos de entrega do futebol á iniciativa privada e que produziram feridas dilacerantes.

A trajetória mais dramática, digna de um filme de terror, é a que foi vivida pelo Belenenses. A história deu a largada, na virada do século. O Clube de Futebol Os Belenenses precisou cumprir uma regra imposta pela Liga local e criou uma Sociedade Anônima Desportiva. Não demorou para que os problemas surgissem e em 2012, o clube decidiu vencer 51% da Sociedade Anônima Desportiva. O comprador foi uma empresa chamada Codacity.

As queixas contra os novos proprietários se acumulavam de modo estratosférico. Consequência:  em junho de 2018, os sócios-torcedores interromperam o acordo com a Codacity. O efeito colateral foi dilacerante. O clube recomeçou sua história na terceira divisão distrital de Portugal, algo equivalente a sétima divisão. Depois de muita luta e sacrifício, o “antigo” Belenenses está na terceira divisão de seu país para a próxima temporada. Enquanto isso, a vaga na primeira divisão seguiu com a SAD comandada pela Codacity, que mudou seu nome de sua equipe para B-SAD e agora  está na segunda divisão.

Não adianta: seja qual for o modelo de governo, sem pessoas competentes não existe chance de final feliz. Que Ponte Preta e Guarani prestem atenção em tais desdobramentos.Seja qual for o caminho escolhido. 

(Elias Aredes Junior com foto de Marcello Casal Jr/Agência Brasil)