Nem com vitória Allan Aal cai nas graças da torcida. Mas será que o problema está no treinador? Ou o problema é mais embaixo?

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A vitória deveria trazer alivio e satisfação. Claro, desde que o envolvido não seja o Guarani. Venceu a Ferroviária, teve boas atuações de Andrigo e Davó, produziu esperança para o confronto com o Palmeiras e mesmo assim, nada parece agradar. Isso tem nome e sobrenome: Allan Aal. A torcida não compra suas ideias, nem quando conquista os três pontos.

A torcida presente nas redes sociais não engoliu as derrotas para São Paulo e Corinthians e a escalação de atletas como o zagueiro Romércio. Ok, reprovar escolhas é do jogo, mas não ao ponto de querer um profissional fora do Brinco de Ouro.

Uma avaliação equivocada se levarmos em conta que, taticamente e em termos de posicionamento a equipe evoluiu. Fato.

Considero que alguns conceitos devem ser atualizados. O principal é que não há dinheiro. Os jogadores e a comissão técnica presentes no Guarani se constituem aquilo que é possível pagar. Qualquer espectro que flerte com a loucura financeira pode dar consequências negativas junto a Justiça do Trabalho.

A escassez de recursos produz times limitados como consequências. Não porque o treinador quer ou a própria diretoria. É o que dá para pagar. O que devemos exigir é que o treinador extraia todo o potencial técnico. Jogue sempre no limite.

Da maioria dos atletas, a atual comissão técnica já faz isso. De outros poderá fazer. E uma minoria –cujo nome representativo é Romércio- dificilmente fará. E temos que aceitar. E se Romércio for o titular é porque os reservas…tire suas conclusões.

Mais: se Allan Aal sair por algum motivo, o Guarani estará em maus lençóis. Dentro das opções existentes no mercado, o Guarani não tem condições de pagar. Não tem saída. Essa é a realidade. Viver com a cabeça de um Guarani das décadas de 1980 ou 1990 é apenas praticar o autoengano.

Sem contar o seguinte: desde o retorno à Série B, em 2017, o Guarani teve 13 treinadores: Oswaldo Alvarez, Marcelo Cabo, Lisca, Fernando Diniz, Umberto Louzer, Osmar Loss, Vinicius Eutropio, Roberto Fonseca, Thiago Carpini, Ricardo Catalá, Felipe Conceição e agora Allan Aal.

O que ganhou o Guarani com essa ciranda de técnicos incentivada pela própria torcida? O único que ficou a temporada inteira foi Louzer, que foi campeão da Série A-2 e nono colocado na Série B de 2018. No restante do tempo, a torcida comemora permanência.

Nada de performances relevantes. Nada de estabilidade. Descarte de trabalho com começo, meio e fim. Será que o problema é Allan Aal ou uma metodologia de trabalho que, desde 2017, tem dificuldade de propagar e incentivar a continuidade? Sem cair na real, não há como avançar.

(Elias Aredes Junior)