Nesta década, apenas em 2015 a Ponte Preta foi temida como visitante no Brasileirão. Qual a explicação?

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Quando a Ponte Preta pisar na Arena Itaquera para encarar o Corinthians no próximo sábado, a partir das 19h, uma preocupação estará na mente do torcedor: o baixo aproveitamento como visitante. Até agora, a Macaca não tem nenhuma vitória contabilizada e outros três empates e três derrotas. Está na 15ª posição do ranking.

Se levarmos em consideração o retrospecto na Série A, o desempenho não está fora da curva. Em 2012, sob o comando de Gilson Kleina em boa parte do campeonato, a Macaca ficou na 15ª colocação como visitante com três vitórias, cinco empatres e 11 derrotas. Em 2013, apesar do rebaixamento, o time somou 15 pontos nas casas dos adversários com 3 vitórias, seis empates e 10 derrotas.

No ano passado, o Eduardo Batista reforçou ainda mais o estigma, com 12 pontos acumulados e apenas duas vitórias e seis empates em 19 confrontos.

Existe um ano fora do normal. Em 2015, em 19 partidas, a Alvinegra somou 20 pontos, com quatro triunfos, oito igualdades e apenas sete derrotas. Uma oitava colocação geral como desafiante que nunca mais foi repetida. Por que? O que aconteceu?

Existem duas explicações. O requisito inicial está no trabalho do então técnico Guto Ferreira, que desde o Campeonato Paulista já tinha fomentado uma equipe diferenciada. Atacava os oponentes, fazia uma marcação adiantada e utilizava a velocidade não só para puxar os contra-ataques, mas para arquitetar tramas no último terço do gramado.

De um jeito ou de outro foi esta a fórmula que fez vencer o Vasco da Gama e  viabilizou vitórias contra Goiás, Atlético-PR e Palmeiras. As outras três faturas já sob o comando de Doriva e Felipe Moreira.

Por que então Guto Ferreira foi demitido na 16ª rodada, após a derrota para o Figueirense por 3 a 1 em Florianópolis? Problemas de relacionamento na estrutura interna do clube e discordância dos comandantes do futebol em relação a marcação de bola parada estabelecida pelo treinador. Só é impossível esconder  o seu legado . Não dava para disfarçar.

O outro tópico elucidativo está na montagem do time. Em 2015, apesar de uma trapalhada aqui e ali, Gustavo Bueno viabilizou uma equipe competitiva e com bons valores, seja como titular ou no banco de reservas.

Basta constatar o time titular escalado no confronto diante do Vasco da Gama no dia 03 de junho de 2015: Marcelo Lomba; Rodinei, Tiago Alves, Pablo e Gilson; Fernando Bob, Josimar, Felipe Azevedo e Renato Cajá; Diego Oliveira e Biro Biro. Pense: uma equipe com dois laterais efetivos, um meio-campo voluntarioso e atacantes com fôlego para marcar.

Quatro meses depois, no dia 14 de outubro de 2015, para ganhar do Palmeiras, o time escalado foi:  Marcelo Lomba; Jeferson, Renato Chaves, Fábio Ferreira e Gilson;Fernando Bob, Elton, Felipe Azevedo e Cristian; Biro e Borges. O banco de reservas contava com Alexandro, Clayson ( que ainda era contestado pela torcida) e Adrianinho. Perceba: jogadores limitados como Fábio Ferreira não impediram o triunfo da Macaca. Por que? Por que já tinha estrutura ousada e ambiciosa formulada desde a gestão de Guto Ferreira.

Com todos esses subsídios podemos afirmar que o trabalho foi bem feito em 2015 e infelizmente não teve evolução. Pior: existiu retrocesso como na lateral-esquerda em que depois de Gilson e Reinaldo, a alvinegra vislumbra como melhor solução improvisar um jovem como o zagueiro Reynaldo. João Lucas? Fernandinho? Não transmitem confiança.

Um lampejo de eficiência poderá surgir e a Macaca vencer o Corinthians ou até empatar? Pode. O futebol é maluco e imprevisível. Antes da bola rolar o diagnóstico é devastador: a ineficiência como visitante também passa por queda de qualidade no serviço feito no gabinete e no banco de reservas. Triste, mas é a verdade.

(análise feita por Elias Aredes Junior)