Amigo do esporte,
Me lembro bem da época em que os ” olheiros ” prestavam serviços aos clubes. Tivemos inúmeros nessa função que tantos benefícios trouxeram ao nosso futebol. Viajavam por esse Brasil afora em busca de talentos. Tempo bom em que não havia empresário, intermediário, jogador jogava por amor a camisa.
O futebol era diferente. Pupo Gimenez e João Avelino, o 71, foram talvez os que mais revelaram talentos. Houve um grande número de olheiros que fomentavam treinadores e clubes. Hoje as coisas mudaram muito. Clubes grandes possuem Centro de Excelência que tem um grupo de pessoas que trabalham em todas as frentes do clube, e possuem profissionais que executam esse trabalho pela busca de jogadores. Nem sempre dá certo.
Mas pelo menos tentam. E fazem isso porque são vitrines, chove empresário diariamente tentando colocar seus pupilos em destaque. Mas e os outros clubes? E os médios e pequenos? A maioria destes clubes não tem esta estrutura e este privilégio.
Alguns contratam jogadores em fim de carreira. Outros porque viram o jogador atuar uma única vez bem. Outros ainda, contratam por amizade com intermediários. É impressionante como se despreza categorias de base. Quantos garotos com talento são preteridos por um atleta em fim de carreira com a desculpa da experiência?
Quantos clubes deixam de aproveitar garotos que, insatisfeitos por não ter oportunidade, vão a procura de outros times? Incrível como clubes mesmo sem dinheiro, insistem em contratar jogadores veteranos ou medíocres em detrimento ao garoto “prata da casa”. É lamentável. Quantos jogadores foram forjados na Ponte Preta ou no Guarani? Quantos deles não fizeram sucesso, chegaram a seleção e trouxeram dinheiro para nossos clubes? Pois é.
Agora a desculpa é de que a Lei Pelé atrapalha. Que os empresários mandam no futebol. Claro que os tempos são outros. Evidente que as coisas ficaram mais difíceis para os clubes. Mas não há outra saída. É mais coerente se investir em garoto do que inchar o elenco com jogadores chamados de “meia boca” ou veteranos. É preciso dar um basta nesse conceito.
Nossos clubes, e falo de Ponte e Guarani, precisam usar desse recurso. Correr risco, sair do comodismo, deixar a preguiça de lado e buscar novos rumos. Citei na Rádio Brasil o exemplo do Cuiabá, que foi a Uberlândia buscar o meia Alê. Um baita jogador.
E aí vem a pergunta: por que o Cuiabá foi até Uberlândia buscar o jogador e não um de nossos clubes? A verdade é que existe um conformismo muito grande, uma incapacidade muito grande de se gerir um clube, um amadorismo flagrante . Com isso, perdemos terreno. Estão surgindo valores em nossos clubes. Começam a ter oportunidades. Temos que incentivar esses garotos.
O torcedor vai ter que ter paciência com eles. E paralelo a isso, que nossos dirigentes tirem o “bumbum” da cadeira e busquem alternativas com jogadores que possam melhorar a qualidade do nosso futebol. Que venham acrescentar alguma coisa. E não chegar aqui já em fim de carreira e enganar todos nós com um futebol ridículo, ou ficar no departamento médico “roubando” o clube. Chega de incompetência.
Chega de desculpa esfarrapada. Chega de conformismo. Que tenham atitude. O torcedor espera por isso. Enquanto isso não acontecer, seremos um grande cemitério de jogadores medíocres e sem condição de vestir a camisa de nossos clubes.
Acordem, dirigentes. O futebol exige dinamismo. Chega de desculpa de falta de dinheiro. Tem muitos clubes na mesma situação dos nossos que estão fazendo um excelente trabalho. Enquanto não houver essa consciência por parte de nossos dirigentes, só posso dizer: ” Passar Bem ” ! (artigo escrito por Elias