O desafio do Guarani: saber ganhar e conviver com a diversidade de opiniões na área política

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Conquistas são bem vindas. Dão esperanças de dias melhores e combustível para sonhos. O Guarani vive tal momento. Pode conquistar o título da Série C do Campeonato Brasileiro, cultua com razão os seus novos ídolos e espera por um 2017 como motivo de orgulho e não de vergonha. Para que tal preceito vire realidade um requisito é fundamental: derrotar a alienação, a manipulação entender os percalços e desafios de um ambiente democrático.

Nestes instantes de júbilo, o procedimento comum é considerarmos tudo correto, maravilhoso ou uma antessala do Paraíso. Eleger dirigentes como os melhores do mundo e que toda a estrutura já está formatada. A torcida do Guarani não pode cair nesta armadilha. De novo.

Confesso minha resistência e contrariedade quando o presidente Horley Senna elogia os atuais componentes do Conselho Deliberativo como portadores de um comportamento exemplar, pois ajudam o Guarani, não atrapalham e não fazem oposição. Seu recado é para quem faz oposição ferrenha ao Guarani. Pergunto: e daí? Qual o problema?

Para ser mais exato, em 2011 a mesma torcida bugrina estava insatisfeita com a gestão de Leonel Martins de Oliveira. Queria sua saída. O desejo só foi viabilizado pela atuação de um grupo político com posicionamento radical, o Garra Guarani. Não vou entrar no mérito se tal postura era certa ou errada, mas pergunto: se o grupo político não tivesse sido tão atuante naquela ocasião, Leonel sairia? Não.

Tanto Mingone como Álvaro Negrão também podem alegar que não administraram o Guarani graças a atuação dos radicais. Prefiro ir pelo outro lado: eles fracassaram ao não estabelecerem um relacionamento saudável e civilizado com a oposição e utilizaram este embate para esconder seus erros.

Não há espaço para ilusão. O Guarani obteve um acesso importante, Horley sairá sem nenhum rebaixamento nas costas e o clube deu um passo inicial de reconstrução. Mas o Guarani é, antes de tudo, uma instituição campineira. Como tal, deveria ter obrigação de abrigar todas as tendências e espaços. Até as radicais. É assim que se faz democracia. Com espaço para todas as opiniões. Mesmo aquelas que consideramos nocivas e prejudiciais ao nosso projeto.

Você pode alegar: poxa, mas estas pessoas jogam contra o Guarani. Só tumultuam o ambiente. Calma, espere. Aprenda um conceito: a tempestade só derruba casas mal alicerçadas. Gestões bem feitas e eficientes suportam e ultrapassam qualquer coisa. Inclusive facções políticas radicais. Na atual conjuntura, o Guarani está refém de uma única receita administrativa. Muitos opositores, constrangidos e temerosos, sairam do clube e inviabilizaram um leque maior de opiniões e métodos. Para um futebol com necessidade de mudança constante, é um baque e tanto.

Hoje apenas um grupo político manda no Guarani. Cabe a pergunta: E se futuramente tudo desandar? Qual será a alternativa? Qual a opção política disponível? O futebol é dinâmica e o resultado positivo pode virar tragédia amanhã.

Os atuais mandatários do Guarani deveriam aprender: mais importante do que saber perder, é saber ganhar. Ser generoso com os contrários. São estes preceitos viabilizam um clube plural, democrático, diverso e fadado a campanhas eficientes perenes.

(análise feita por Elias Aredes Junior)