Durante a compra de uma TV, ano passado, ignorei o fato dela não ter internet, pensando apenas no “desconto” de R$ 100 quando comparada ao preço do modelo com a conexão. Depois, como queria ter Netflix, gastei mais do que o dobro do valor em um adaptador.
Compartilho esse meu “deslize” enquanto consumidora com a seguinte deixa: quem nunca desejou desfazer algo? Quem nunca comprou, por impulso, e acabou perdendo dinheiro? Ocorre que são (ou deveria ser) esses pequenos dissabores da vida que nos ensinam a lidar com situações maiores.
Significa dizer que eu até posso comprar aquela peça na promoção que, na verdade, eu nunca vou usar. Perderei lá R$ 30 talvez R$ 50. Até R$ 100 no caso da TV. Mas preciso aprender com o erro. Ou seja, se, no futuro, decidir comprar um bem mais caro e mais duradouro, como um carro, deverei pesquisar mais, ter certeza da compra, da relação custo-benefício, e cercar-me de atitudes para minimizar ao máximo a possibilidade de erro que, afinal, custaria bem mais caro nessa situação.
Porém, e infelizmente, a diretoria do Guarani ainda não aprendeu essa pequena “lição do consumidor impulsivo”. Ao anunciar a dispensa em massa do elenco e de parte da comissão técnica, a diretoria e os responsáveis pela montagem do time que jogou a Série A-2 do Paulista assumem que as contratações não deram certo.
Até aí tudo bem. Muitos clubes costumam errar. Com um, dois, três atletas. Agora com 16? O caso é que não se trata de uma peça em promoção. O Guarani comprou o “carro” errado. E vai perder muito dinheiro para assumir o erro.
Rescindir com os atletas é, dos males, o menor. O pior é o abalo emocional de uma diretoria que, pelas ações, demonstra agir sem a delicadeza de ter medo de errar. O medo, nesse caso, não é falar de coragem. É medo como sinônimo de incompetência. Contratar para descontratar em seguida mostra um desprendimento que o clube não merece e não precisa. Revela que a falta de preocupação com o que deveria preocupar é o maior problema.
Até dizem nos bastidores, que a dispensa em massa, é só um “acerto de contas” de promessas feitas nos vestiários caso o time não se classificasse no Estadual. Mas, ora, o exemplo deveria ter vindo de casa. Afinal, a falta de reação dos atletas durante a competição não foi diferente da falta de reação da diretoria.
E em que pese a decepção real atuação com peças-chaves como Caça Rato, Max e Douglas Packer, a diretoria do Guarani, mesmo negando o discurso, acaba por reconhecer sua culpa ao dispensar mais de 20 jogadores . Porém, o que me mais preocupa é que só deixamos de repetir erros quando os assumimos. E assumimos, primeiramente, para nós mesmos. Não parece ser o caso dos dirigentes bugrinos.
(Texto e análise Adriana Giachini – Foto de Rodrigo Villalba-Memory Press)