Digo claramente: vou provocar a torcida do Guarani. Instigar reflexão. Antes de insultar o cronista, tente raciocinar. Então vamos lá. Quem está na leitura destas linhas aguarda com ansiedade o carimbo da classificação para a próxima fase da Série C e a conquista do acesso. Um calendário em 2017 com segundona do paulista e do Brasileirão. O Alviverde já apareceria na mídia e construiria algo ausente nos últimos tempos: imagem positiva no presente e perspectiva de futuro.
Independente do passado glorioso e das conquistas inesquecíveis, o pior para um clube de futebol é quando ele só vive, conversa e discute o passado. Ou quando só elogia atletas que estiveram em seus gramados há 20 ou 30 anos. Não, não desprezo o legado de Jorge Mendonça, Careca, Zé Carlos, Bozó, Marco Antonio Boiadeiro, João Paulo, Djalminha, Evair e outros. São heróis eternizados. Só que ter apenas isso como assunto na conversa de boteco é como o casal que fica revendo álbum de casamento enquanto na atualidade todo cai ao redor.
Alguns torcedores de outros times fazem graça e consideram depreciativo existir um craque de nome de Pipico. Além do preconceito explicito, é preciso dizer que tal crítica infundada não apaga o básico: ou seja, que Pipico marque uma montanha de gols e assegure a promoção bugrina para a divisão superior. Que crianças de sete, oito, nove anos sejam felizes não só por um gol feito há 38 anos por um adolescente de 17 anos mas sim por aquilo que for feito em 2016 e no gramado renovado do Brinco de Ouro. O astro pode ser Fumagalli com 39 anos? Pergunto: e daí? Zé Carlos tinha acima de 30 anos quando foi campeão brasileiro e é homenageado até hoje. Que entre um novo veterano na galeria de heróis.
O acesso bugrino será a retomada de uma história perdida no tempo. Um recomeço para quem ultimamente só tem o passado para se orgulhar porque o presente traz vergonha e resignação.
Que a derrota para o Boa Esporte não faça o Guarani perder de vista a necessidade de retomar o seu porte no futebol nacional em médio e longo prazo. E isso não será obtido com lembranças de um tempo em que Campinas tinha 660 mil habitantes. Só o presente bem sucedido vai renovar a esperança.
(análise feita por Elias Aredes Junior)