Sim. O torcedor da Ponte Preta quer saber sobre o novo treinador (se Eduardo Baptista realmente não deixar o Fluminense?). Sim. Ele também está preocupado com as providências da diretoria para que o time reaja dentro do gramado. E Sim! Os pontepretanos estão interessados no desempenho dos novos contratados e debatem se as peças do atual elenco formarão o time competitivo que se espera. Muitos dos atletas, aliás, ainda não mostraram a que vieram como Wellington Paulista, Rhayner, Nino Paraíba e João Vítor.
Porém, há ainda outro tema que igualmente importa para a torcida da Ponte Preta. Um tema que, nos grupos de pontepretanos das redes sociais, desperta a comoção. O lema é simples: “Queremos nosso estádio de volta”.
Explica-se: desde o início da temporada, e amparada pela lei estadual 15.868/2015 (de julho do ano passado), a diretoria da Macaca setorizou as arquibancadas do Moisés Lucarelli, obrigando as Organizadas a ficarem na cabeceira da entrada do estádio – ainda que oferecendo ingressos com preços mais populares, é bom destacar.
A mudança tem base no artigo 2 (§ 3º) onde determina-se que “As torcidas organizadas de times adversários ficarão postadas, preferencialmente, atrás das metas, e sempre em áreas opostas”. Tomando o exemplo do campo da Ponte, ao determinar que organizadas fiquem em lados opostos, o preferencialmente, das cabeceiras, torna-se uma exigência, uma vez que não seria possível ceder as laterais.
Torcidas Organizadas
Porém, essa é uma questão que merece discussão mais abrangente. Não se trata apenas de delimitar o espaço das organizadas, mas da necessidade de falarmos no direito de existir das mesmas e da oposição que sofrem de parte da sociedade. E até a recente briga entre a Gaviões da Fiel e o “ladrão da merenda” entra nessa história uma vez que o deputado Fernando Capez – suspeito de participar de um esquema de fraude na merenda – tem seu nome na referida lei estadual – era presidente da Assembleia Paulista na assinatura da lei. A trajetória de Capez, por sinal, está ligada a sua luta para acabar com as organizadas.
No caso da Ponte Preta (e aos demais clubes do interior paulista), temos a seguinte situação: quais adaptações foram feitas na estrutura do Moisés Lucarelli (e respectivos estádios) para receber as organizadas nas cabeceiras? Em geral, e diferentemente do que ocorre nas novas arenas, já projetadas para tal, as cabeceiras não oferecem boa visão de jogo. Isto leva o torcedor da Ponte Preta a questionar: porque outras equipes do interior não se adequaram? Quem acompanhou o jogo entre Oeste e Macaca, por exemplo, viu as organizadas lado a lado.
O constrangimento do Torcedor Camisa 10
Além disso, torcedores do programa camisa 10 – que agora ficam na lateral antes ocupada pela organizada – são obrigados a entrar no campo pelo portão lateral, porém com saída pela entrada principal. Justamente com as organizadas. Ora, se a intenção é “proteger o cidadão de bem”, colocá-los juntos na saída do campo não é uma incoerência?
Após o empate com o Botafogo, domingo passado, constatamos o exemplo que reforça a incoerência: pais, com filhos no colo, tentando sair do campo em meio ao protesto das organizadas.
E a PM?
O assunto foi tratado em uma reunião entre alguns torcedores e integrantes da diretoria no último dia 15/2. Nela, os dirigentes disseram ser contra a mudança, mas, e até mesmo por conta da Lei, ela teria sido uma exigência da Polícia Militar para liberar o Estádio.
Se PM, diretoria ou até mesmo nossos representantes da Assembleia Legislativa, penso que a passividade das autoridades em tais situações – quando leis são criadas sem que se possibilitem condições para cumpri-las – me faz perguntar quais interesses, de fato, estão na pauta? E na minha opinião, isso nada tem a ver povo. Infelizmente, torcedor!
(Análise feita por Adriana Giachini)