Ódio e desinformação podem destruir a boa campanha do Guarani na Série C

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O Guarani é o líder da Série C do Campeonato Brasileiro. Para assegurar a classificação uma vitória basta até o final da competição nos jogos contra Portuguesa, Botafogo, Mogi Mirim e Ypiranga. Convenhamos: a missão não é difícil.

Duro é constatar nas duas derrotas para o Sapão e diante do Boa Esporte uma torrencial de ódio gerada por parte da torcida bugrina. Chamar o técnico Marcelo Chamusca de burro, incompetente virou figurinha fácil. Assim como clamar pela entrada de Dênis Neves.

Vejo de cinco a seis jogos semanais, aprofundo na leitura de livros sobre o tema e acompanho o noticiário de diversas partes do Brasil. Por que? Não só para acompanhar futebol, mas para entender a modalidade. Minha luta diária é derrotar a superficialidade e  compreender a linha de trabalho do treinador. Você pode discordar, mas a missão é decifrar porque Chamusca chegou as decisões que tomou. Sim, você torcedor bugrino pode ficar bravo comigo, mas infelizmente tanto em alguns profissionais de imprensa como em uma parte da arquibancada existe falta de formação. E formação só consegue com razão.

Darei dois exemplo. Pegue Dênis Neves. Todos exigiram sua presença contra o Boa Esporte. Ele seria a salvação da lavoura. O jogador capaz de furar o bloqueio do time mineiro. Pergunto: será? Sim, porque se Dênis é técnico e capaz de fazer a transição do meio-campo ao ataque e até um bom passador, também é verdade que, com a bola rolando, ele tem dificuldades na conclusão.

Pense: o Boa Esporte montou um forte sistema de marcação no segundo tempo, não deixou o Guarani jogar. Denis Neves também não teria dificuldades? Mais: para que entrar no segundo para utilizá-lo na bola parada se já existia um atleta incumbido de tal missão, no caso Fernando Fumagalli?

Mais: alguém imagina que o treinador bugrino e de qualquer parte do planeta vai para um jogo sem conhecer as características e detalhes do adversário? Se ele não colocou Dênis Neves é porque ele tinha informações que o levaram a tal resolução.

Outro motivo de reclamação é sobre Pedro Hulk. De que ele seria limitado, caneludo e que por vezes não recebe a bola em boas condições. Ok, até concordo. Mas espere. Pense. De que campeonato estamos falando? Da Liga dos Campeões? Da Copa Libertadores de América? Não, falamos da Série C do Brasileiro.

A mesma terceirona que em 2008 o Guarani foi vice-campeão com jogadores do porte do lateral-esquerdo Roque, o armador Mário César e o ataque Dario. Alguns destes citados viraram candidatos a prêmio da Fifa? Longe disso. Se Pedro Hulk está escalado é  porque seu estilo limitado e rompedor pode fazer diferença em um campeonato de baixíssimo nível técnico.

Além dos erros de avalição, outro comportamento equivocado da torcida bugrina precisa ser colocado: ingratidão. Marcelo Chamusca é xingado e cobrado pela torcida do Guarani como se uma seleção de ases tivesse sentado no banco de reservas nos últimos anos. Como se acessos seguidos tivessem sido obtidos e os respectivos treineiros utilizaram as vitórias como trampolim para clubes da divisão de elite.

Nada disso. Desde 2013, o Guarani vive uma rotina de fracassos com seus treinadores na Série C. Tarcisio Pugliese, Evaristo Piza, Marcelo Veiga, Vagner Benazzi, Paulo Roberto Santos, Pintado, Ademir Fonseca…Um exército de profissionais dos mais variados estilos e características ficou no meio do caminho.

Você, torcedor bugrino, queira ou não, deveria reconhecer que Marcelo Chamusca será o primeiro a lhe fazer sonhar com o acesso. Os outros nem isso conseguiram.

Pode fracassar? Pode. Como ele fracassou em Fortaleza. Por duas vezes. Agora,  ignorar que o atual treinador bugrino é um sujeito sério, trabalhador, com conceitos sólidos de futebol e que respeita a instituição não é um ato passional. É uma ingratidão tremenda. Temperada com desinformação, o grande mal dos nossos tempos. Isso precisa mudar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)